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Forte onda de calor na Europa leva países a declarar emergência

O casal suíço Pierre e Clara Schmidt, com 72 e 69 anos, decidiu que, neste fim de semana, irão para seu chalé nas montanhas dos Alpes. Algo que costumam fazer apenas no inverno. Mas, desta vez, a decisão foi a de subir a estrada para fugir de uma onda de calor sem precedentes em mais de uma década. Com a pior onda de calor em 14 anos, 11 governos europeus anunciaram um plano de emergência e apelam aos cidadãos para que adotem medidas extras de proteção. Para os cientistas, o fenômeno deve se repetir nos próximos anos com maior regularidade, afetando inclusive a estruturas de cidades, abastecimento de água e a produção agrícola.

Por enquanto, a recomendação para a população é de permanecer em locais cobertos durante os horários mais perigosos, evitar o sol, reduzir planos de caminhadas longas e se hidratar com frequência. Duas pessoas já morreram, na Polônia e na Romênia. Mas o temor dos serviços de saúde é de que ocorra o mesmo que em 2003, quando a Europa descobriu que a onda de calor tinha matado mais de 20 mil pessoas.

Agora, as autoridades chegam a sugerir que vizinhos liguem para aqueles moradores mais idosos em seus prédios, para garantir que a mesma tragédia não se repita.

A emergência já foi declarada na Itália, Suíça, Hungria, Croácia, Romênia, Sérvia, Bósnia, Espanha e França.

Algumas das mais altas temperaturas foram registradas na Itália, com 43 graus em Roma e 44 na Sardenha, com a possibilidade de chegar a 46 neste fim de semana. Em Roma, as autoridades indicaram que as internações aumentaram em 15% nesta semana. O calor ainda está levando a Itália a viver sua pior seca em 60 anos, enquanto prefeitos desligaram suas tradicionais fontes. Em locais turísticos, aparelhos de ar-condicionado não tem dado resultado e certos museus tiveram de fechar suas portas por algumas horas.

O impacto econômico também já é uma realidade. Agricultores abandonaram suas férias para começar já a colher as uvas, o que deveria ocorrer apenas em dez dias. A previsão aponta para uma queda de 50% na produção de azeitona e azeite, enquanto a produção de leite encolheu 30%. No total, 11 regiões italianas sofrem com a seca.

O mesmo impacto já é também sentido no meio rural da Bósnia, que prevê queda de produção de 10% neste ano. A safra de milho será 35% inferior à média normal na Sérvia.

Na França, o vale do Ródano chegou a registrar 41 graus, enquanto cidades como Praga, Varsóvia e Munique todas ficaram acima de 35 graus.

Em Split, na Croácia, o termômetro chegou a marcar 42,3 graus, enquanto a costa sul da Espanha prevê 43 graus para domingo, contra 42 para Ibiza.

A expectativa é de que a onda de calor dure até meados da próxima semana e já é o segundo pico neste verão. Em julho, as altas temperaturas ainda favoreceram incêndios e mesmo cortes de energia em algumas regiões. Na sexta-feira, a Europa contava um total de 75 focos de incêndio pelos países.

De acordo com os serviços de meteorologia, certas regiões estão com temperaturas de dez a quinze graus acima da média da temporada. Por enquanto, a pior onda de calor continua sendo a de 2003 e o recorde de temperatura foi atingido em Atenas em 1977, com 48 graus.

Mas o que especialistas alertam é que a Europa terá de se acostumar e se adaptar à nova realidade, porque a previsão aponta para uma frequência cada vez maior de ondas de calor por conta do impacto das mudanças climáticas.

“Nos últimos 150 anos, vimos um número relativamente limitado de eventos extremos”, disse Omar Baddour, da Organização Meteorológica Mundial. “Mas, nos últimos 30 anos, estamos registrando mais e mais casos”, alertou.

Até o final do século, a previsão aponta que tais ondas de calor no sul da Europa podem transformar a paisagem e a forma de turismo. Para alguns vilarejos nos Alpes suíços, a oportunidade também é a de se apresentar como novos destinos, mas para aqueles que queiram fugir do calor.

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