A maioria dos mortos pelo novo coronavírus na cidade de Nova York, a mais afetada pela pandemia nos Estados Unidos, são latinos, informou nesta quarta-feira o prefeito Bill de Blasio.
Um relatório preliminar aponta que 34% dos 3.602 mortos pela covid-19 até hoje são hispânicos, que constituem 29% da população da maior cidade americana, de 8,6 milhões de habitantes. "É uma disparidade flagrante", assinalou o prefeito, em entrevista coletiva.
De Blasio citou como um dos principais motivos o idioma, e anunciou uma nova campanha de informação sobre o coronavírus em 14 línguas. "O que aconteceu no último par de anos levou muitos imigrantes, principalmente os sem documentos, a se afastarem dos locais onde normalmente buscariam apoio ou atendimento médico", comentou, referindo-se à política anti-imigração do governo Trump.
Um terço dos hispânicos que vivem em Nova York, cerca de 1 milhão de pessoas, são imigrantes sem documentos ou seguro médico, segundo estimativas do governo municipal. Muitos deles não podem cumprir quarentena e são obrigados a trabalhar como entregadores, faxineiros ou babás para alimentar suas famílias. Vários deixam de buscar atendimento médico por medo de serem deportados.
A maioria das mortes em Nova York ocorreu nos distritos do Queens e Bronx, de maioria imigrante. Na mesma entrevista coletiva de De Blasio, a médica e comissária de Saúde de Nova York, Oxiris Barbot, porto-riquenha, reforçou que a disparidade obedece à baixa remuneração da comunidade hispânica, que a obriga a continuar trabalhando.
Assim como acontece em outras cidades do país, como Chicago, o novo coronavírus também afeta os afro-americanos de forma desproporcional em Nova York, com 28% das mortes, quando eles representam 22% da população.
Cerca de 27% das mortes pela covid-19 em Nova York envolveram pessoas brancas (32% da população) e 7%, asiáticas (14% da população).