O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira, 2, que um "lockdown" nacional não é a melhor estratégia para combater a pandemia de covid-19. A justificativa do vice é de que o País não vive uma ditadura e, por isso, não há como "impor algo nacional".
"Eu considero que isso são coisas de cada lugar, porque o Brasil é muito diferenciado, cada população tem sua característica", disse em referência a um lockdown em todo o território. "Não adianta você querer impor algo nacional e aí como é que você vai fazer isso para valer, imposição? Nós não somos ditadura", afirmou na chegada à Vice-Presidência.
O aumento de casos e de mortes por causa da covid-19 tem motivado governadores e prefeitos a intensificarem medidas de restrição, como a suspensão de aulas e o fechamento de comércios, mas não há uma padronização. Na segunda-feira, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defendeu a adoção imediata de "lockdown" nos Estados com ocupação dos leitos de covid-19 superior a 85%.
Os gestores pedem ainda a suspensão das aulas presenciais, o veto a shows, cerimônias religiosas e eventos esportivos, entre outras medidas. Em nota, os secretário também pediram a adoção de um toque de recolher nacional, das 20h às 6h, em todo o País, inclusive nos finais de semana.
"Acho que tem de haver uma campanha em todos os níveis de conscientização da população. Acho também que deveria ter alguma atitude em relação ao transporte urbano. Não acho que nenhum gestor se preocupou muito com isso aí", disse Mourão. Para ele, contudo, a população já se "cansou" dos fechamentos.
"A população cansou, você nota nitidamente", disse. "A população, a turma, cansa. Nosso povo não gosta de ficar trancado, gosta de estar na rua, isso é uma realidade", comentou. Na visão do vice-presidente, além de uma campanha de conscientização, também é preciso acelerar o ritmo de vacinação. "Acelerando as vacinas aí a coisa anda de forma boa", declarou. Na segunda-feira, Mourão afirmou que a vacina era a "única saída" para conter a pandemia e que outras ações eram "paliativos".
Como mostrou o Estadão, pelo menos 18 dos 26 Estados estão com mais de 80% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da covid-19 ocupados, segundo o Observatório Fiocruz Covid-19.