A Fifa planeja parcerias com investidores da Arábia Saudita, China e Estados Unidos para colocar de pé seu plano de criar dois novos torneios, com perspectiva de receita de até US$ 25 bilhões (cerca de R$ 85 bilhões). As competições serão uma nova versão do Mundial de Clubes da Fifa e a chamada Liga das Nações. Ambas ajudariam a enterrar a Copa das Confederações.
Pelo acordo, ainda em negociação, o contrato renderia essa cifra ao longo de 12 anos, nos quais seriam disputados quatro edições do Mundial de Clubes e seis da Liga das Nações, entre 2021 e 2033. Cada uma das quatro edições do Mundial, entre 2021 e 2033, deve render US$ 3 bilhões (R$ 10 bilhões).
A outra competição trará receita de US$ 2 bilhões (R$ 6,8 bilhões) por edição, começando em 2023. A Fifa ainda espera arrecadar mais US$ 1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) com a primeira edição da Liga, em 2021. A expectativa de receita é menor porque a Uefa deve ficar de fora, por organizar torneio semelhante no mesmo período.
A Fifa deve ficar com 51% nesta joint venture com os investidores, com receita garantida de US$ 25 bilhões, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Associated Press. A origem das informações permanecem em anonimato porque o acordo da entidade máxima do futebol mundial prevê cláusulas de confidencialidade.
O plano da Fifa é remodelar o Mundial de Clubes, passando de sete para 24 clubes na disputa, a cada quatro anos. Pelo relatório financeiro exibido pela entidade, a versão atual do Mundial arrecadou US$ 37 milhões no ano passado. O novo modelo teria início em 2021.
A previsão inicial seria de realizar o torneio em junho ou julho, ainda sem local definido. Por começar em 2021, o torneio de clubes entraria no calendário no lugar da Copa das Confederações, que costuma ser disputada a cada quatro anos, um ano antes da Copa do Mundo, como aquecimento para o grande evento.
A Liga das Nações, neste sentido, enterraria de vez a Copa das Confederações por reunir as seleções num evento maior que o anterior e com expectativa também de maior receita. O torneio se tornaria o segundo grande entre as seleções, perdendo somente em importância e arrecadação para a Copa do Mundo.
Os projetos da Fifa devem enfrentar certa resistência dentro da Uefa, onde estão os maiores e mais ricos clubes e seleções do mundo. As duas novas competições deixariam o calendário das equipes ainda mais apertado. Haveria ainda oposição política em razão dos dividendos que o presidente Gianni Infantino poderia obter com as novas competições.
Os torneios gerariam uma renda de longo prazo tanto para a Fifa e seus investidores quanto para as federações associadas à entidade maior. Isso daria maior força ao plano de reeleição de Infantino, no pleito programado para o próximo ano.
O presidente vem demonstrando pressa para fechar o acordo, na tentativa de aproveitar o clima da Copa do Mundo para convencer o mundo do futebol da necessidade das novas competições.
No mês passado, na Colômbia, ele evitou revelar detalhes sobre os planos, por alegar confidencialidade, mas disse que as propostas na negociação com os investidores estariam abertas por apenas 60 dias. O prazo acabaria em meados de maio.