Esportes

Nem 50% da Série A está dentro de nova lei da Conmebol para o futebol feminino

Menos da metade dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro já se enquadrou à nova regulamentação da Conmebol que diz respeito à necessidade de manter times femininos em atividade. Há poucos meses para cumprir a exigência, válida a partir da temporada de 2019. Todos os clubes participantes das próximas edições da Copa Libertadores e Copa Sul-Americana serão obrigados a formar e manter equipes femininas.

Levantamento feito pelo Estado verificou que apenas oito camisas dos tradicionais times masculinos da primeira divisão deste ano também já vestem mulheres na categoria adulta: América-MG, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Internacional, Santos, Sport e Vitória.

Em alguns casos, o processo se encontra pela metade. O São Paulo, por exemplo, possui time feminino sub-16 em parceria com a Adeco (Associação Desportiva Centro Olímpico). E deverá repetir a união na equipe de cima. O Vasco também só tem atletas de base. A diferença é que elas são próprias do clube.

A grande maioria, porém, ainda diz estar em fase de estudos sobre o modelo a ser aplicado. A Conmebol permitirá as parcerias. Mas não abrirá exceções em seus torneios a quem não contar com equipes femininas tanto na base quanto no adulto.

“Até fiz comparação com a Lei do Passe, que, quando chegou, ninguém acreditou. Diziam: Ah, isso vai ter uma intervenção, vão dar um jeito. Não, quem não tiver (time feminino) não disputa. É lei estabelecida, não tem essa de que vai pegar ou não”, garantiu Marco Aurélio Cunha, coordenador de futebol feminino da CBF.

Apesar da baixa adesão até agora, ainda há tempo para os clubes se ajustarem, afinal a regra só passa a valer a partir de 2019. O preocupante, porém, é observar que, desde o anúncio da Conmebol, há mais de um ano e meio, quase nada mudou.

Lá fora, por outro lado, algumas das camisas mais pesadas da América do Sul já se encontram estabelecidas no futebol feminino: argentinos como Boca Juniors, River Plate e Estudiantes contam com equipes de mulheres disputando campeonatos ativamente. O mesmo se dá no Uruguai, com Peñarol e Nacional, e Colômbia, com o Atlético Nacional.

MELHOR DO QUE NADA – Quem batalha há tempos pelo desenvolvimento da modalidade no Brasil torce o nariz para essa espécie de ajuda à força, por mais que a medida, na prática, traga perspectiva de melhoras. “Infelizmente, teve de chegar a esse ponto. Se a Conmebol não exigisse, os clubes não se importariam muito”, lamentou-se a meia Gabi Zanotti, do Corinthians.

“O resultado da obrigatoriedade será positivo. Por serem times grandes, não vão querer ficar tomando goleadas. Assim, haverá investimento”, disse Emily Lima, ex-técnica da seleção brasileira e atualmente comandando o Santos.

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