As novas condições do crédito rotativo, que limitam o uso da modalidade em até 30 dias, começam a valer a partir de amanhã, 3. Definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro, as regras visam a reduzir os juros cobrados ao obrigarem a migração para opções de financiamento menos onerosas como, por exemplo, o parcelado, e fazem parte da agenda de reformas microeconômicas do governo de Michel Temer.
Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal já anunciaram as novas condições do crédito rotativo ao longo dos cerca de três meses que tiveram para se adaptarem às regras divulgadas em janeiro. Na prática, os consumidores não poderão mais pagar apenas parte do valor da fatura mensal do seu cartão de crédito. Com as novas regras, após 30 dias no rotativo, terão de fazer o pagamento integral ou parcelar a dívida em parcelas fixas e juros mais baixos.
No BB, primeiro a antecipar as regras do rotativo ao promover a redução de 4 pontos porcentuais nos juros da modalidade em janeiro, as novas taxas variam de 1,92% a 9,79% ao mês para o rotativo e 1,91% a 9,38% para o parcelado. O parcelamento da fatura será feito em até 24 meses. Já no Bradesco, os clientes poderão parcelar a fatura depois de efetuarem o pagamento de 15% do saldo, em no máximo 12 vezes. O banco espera que os clientes que utilizam o rotativo passem a pagar, de imediato, 33% menos do que no modelo anterior.
O Itaú Unibanco também reduziu a taxa do rotativo, em média em 4 p.p. e vai parcelar as faturas em até 24 parcelas fixas. Clientes que utilizarem o rotativo com histórico de pontualidade terão juros de 1,99% a 9,90% ao mês. O Santander vai parcelar o saldo do rotativo de quatro a 18 vezes, com juros de 2,99% a 9,99% ao mês, conforme o perfil e as necessidades financeiras do cliente. Na Caixa, as taxas incidentes nas opções de parcelamento variam de 3,30% ao mês a 9,90% ao mês e o parcelamento será feito entre quatro e 24 meses.
Redução. Consideradas as mais elevadas do sistema financeiro nacional, as taxas cobradas no crédito rotativo deram uma trégua em fevereiro e reduziram-se em 5,2 pontos porcentuais na comparação com janeiro, para 481,5% ao ano, conforme dados divulgados na semana passada pelo Banco Central. No entanto, no crédito parcelado, opção menos onerosa para o financiamento da fatura a partir deste mês, o juro foi na contramão e subiu, segundo o regulador, 1,6 ponto porcentual de janeiro para fevereiro, avançando de 161,9% ao ano para 163,5% ao ano.
A expectativa do governo e do setor de cartões é que, com as novas regras do crédito rotativo, os juros cobrados aos consumidores caiam pela metade, contribuindo, no futuro, para a redução da inadimplência.
Do lado dos bancos, a mudança nas regras do crédito rotativo deve pesar em termos de margem em um primeiro momento. No entanto, executivos acreditam que, à medida que reduza a inadimplência, o impacto para o sistema tende a ser minimizado, concedendo uma nova dinâmica entre receitas e perdas do setor.
Ao final de dezembro último, o rotativo totalizava R$ 38 bilhões, respondendo por 2,4% da carteira de crédito à pessoa física, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) com base nos dados do Banco Central. Essa fatia, porém, diminuiu uma vez que em dezembro de 2008 estava em 3,4%. Além disso, o tempo de permanência no rotativo, de acordo com a Abecs, gira em torno de 17 dias.
No ano passado, o volume de transações com cartões de crédito e débito atingiu R$ 1,14 trilhão, montante 6,3% superior ao registrado em 2015, conforme números da Abecs. A modalidade crédito respondeu por mais R$ 703 bilhões, aumento de 4%, na mesma base de comparação. A expectativa da Abecs é que em 2017 o total de transações alcance R$ 1,22 trilhão, acelerando a taxa de crescimento para 6,5% em relação a 2016, sendo R$ 740 bilhões nos cartões de crédito e R$ 480 bilhões no débito.