O Índice de Liquidez (IL) do Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 2,10 em junho do ano passado para 2,36 em dezembro, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta segunda-feira, 3, pelo Banco Central. Esse é o maior patamar para o indicador na série calculada pela metodologia atual, que teve início em 2012.
Esse indicador é usado para avaliar a capacidade de pagamento de instituições financeiras em relação a suas obrigações e representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e a honra de seus compromissos em um prazo de 30 dias. Quanto maior o número, mais confortável é a situação de liquidez dos bancos.
“A liquidez não é fonte de preocupação. O colchão de liquidez dos bancos, formado principalmente por títulos públicos federais, é robusto para suportar eventuais choques no curto prazo. Os ativos de longo prazo vêm sendo integralmente financiados por recursos estáveis, o que mantém o equilíbrio estrutural”, avaliou o BC no documento.
A autoridade monetária afirmou ainda que a liquidez está bem distribuída entre as instituições, e aquelas de maior porte aumentaram os índices tanto de curto quanto de longo prazo. “A dependência de funding do exterior mantém-se baixa, e não há indícios de elevação”, completou o BC. No segundo semestre do ano passado, inclusive, houve queda nominal, em dólares, de 22,4% da participação das captações mantidas no exterior e de 3,8% nas captações internalizadas no Brasil.
Já o Índice de Liquidez Estrutural (ILE), apresentou pequena elevação de 1,06 em junho para 1,07 em dezembro do ano passado. O desejável é ter um índice perto ou acima de 1, já que esse termômetro serve para verificar quanto as instituições possuem de recursos estáveis em seus passivos para fazer frente a um ativo de mais longo prazo, seja ele crédito, investimento ou participação societária, entre outros.
Em anos anteriores, o risco de não haver essa margem vinha aumentando, decorrente do maior ritmo de expansão da carteira de crédito, principalmente por parte dos bancos públicos, e do aumento de outros ativos de longo prazo, como créditos tributários e participações societárias em companhias coligadas e controladas.
“A folga de recursos estáveis, de R$ 243 bilhões ao fim de 2016, representava 20% da carteira de crédito de longo prazo originada com recursos livres, indicando que as fontes atuais de recursos estáveis dos bancos devem permanecer em patamar suficiente para financiar um aumento do nível de concessões sem representar risco à estabilidade financeira”, avaliou o BC no documento.
Concentração
O REF mostra que o Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH), utilizado para o monitoramento sistemático dos níveis de concentração do segmento bancário no Sistema Financeiro Nacional, aumentou em todos segmentos acompanhados no segundo semestre. Em relação a ativos totais, o IHH passou de 1.438 em setembro para 1.450 em dezembro; em operações de crédito, subiu de 1.725 para 1.741; e, em depósitos totais, aumentou de 1.647 para 1.711.
O IHH manteve-se dentro do intervalo considerado como de moderada concentração, segundo referência adotada pela autoridade monetária, uma vez que os valores mantiveram-se entre 1.000 e 1.800.