O dólar passou a renovar máximas ante o real na última hora, em reação negativa ao anúncio da mudança na meta fiscal de 2018, mas mesmo assim os juros futuros permaneceram em baixa até o final da sessão regular. As preocupações com o futuro das contas públicas, em especial com o andamento da reforma da Previdência, ainda persistem, mas o mercado nesta sexta-feira, 7, desviou o foco para outros fatores, como o IPCA de março e a criação de vagas de trabalho abaixo da esperada nos EUA no mês passado.
Ao término da negociação normal, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2017 (247.535 contratos) fechou com taxa de 10,854%, ante 10,900% no ajuste de ontem. A taxa do DI janeiro de 2018 (176.140 contratos) caiu de 9,805% para 9,770%. A taxa do DI janeiro de 2019 (179.225 contratos) fechou em 9,51%, de 9,55%. Nos longos, a taxa do DI janeiro de 2021 (236.090 contratos) terminou a 9,93%, de 10,00%.
O IPCA de março, de 0,25%, veio praticamente em linha com a mediana das estimativas coletadas na pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,24%, no menor patamar para o mês desde 2012, e com preços de abertura bastante benignos. Em 12 meses, o IPCA chegou a 4,57%, já bem perto da meta central de inflação de 4,50%. Os números dão respaldo à percepção de que há espaço para aceleração do ritmo de corte da Selic para 1 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no próximo dia 12.
No exterior, o payroll de março mostrou que a economia americana criou 98 mil empregos em março, bem abaixo da expectativa de geração de 175 mil vagas. Além disso, os números dos dois meses anteriores foram revisados para baixo, gerando uma perda líquida de 38 mil empregos. Os números, somados aos receios geopolíticos despertados pelo ataque dos EUA à Síria, geraram certa cautela na primeira parte dos negócios. À tarde, porém, os juros dos Treasuries passaram a subir e a renovar máximas, após discurso do presidente do Federal Reserve, William Dudley. Segundo Dudley, é improvável que o balanço retorne ao nível registrado antes do pré-crise.
Quanto ao fiscal, os temores sobre a reforma da Previdência hoje estão mais contidos. Embora no Placar da Previdência, produzido pelo Grupo Estado, os votos contrários ao projeto, mostrados nas atualizações, estejam subindo num ritmo bem maior do que os favoráveis, perto das 16h30 eram 270 contra 96 a favor, o mercado relativiza. A consultoria Eurasia acredita que o governo vai aprovar uma reforma “robusta”, apesar do governo ter recuado em cinco pontos de texto original. Em relatório divulgado hoje, os analistas mantêm a probabilidade de 70% para a aprovação do texto com ao menos 50% do conteúdo original.
Nesta tarde, o governo anunciou revisão para a meta fiscal do governo central em 2018, de déficit de R$ 79 bilhões para déficit de R$ 129 bilhões. A piora da estimativa deve-se à percepção de que as receitas continuarão decepcionando em meio à fraqueza da atividade.