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Impasse emperra envio de US$ 100 milhões da Fifa ao futebol brasileiro

Nesta sexta-feira, o Conselho da Fifa deve aprovar a criação de um fundo de US$ 100 milhões para o futebol brasileiro, uma promessa feita ainda em 2014 pelo ex-presidente da entidade, Joseph Blatter. Mas o contrato entre a entidade máxima do futebol e a CBF continua vivendo um impasse diante da insistência da Fifa de que o controle sobre os recursos ficará com a organização em Zurique, e não no Rio de Janeiro.

Para os dirigentes brasileiros, o dinheiro precisa ser transferido ao País e a CBF garante que prestará auditoria sobre os recursos usados. Já a Fifa insiste que a conta precisa ser mantida na Suíça, com o dinheiro sendo enviado a conta gotas cada vez que um projeto for aprovado e uma auditoria for realizada.

A CBF estima que o dinheiro é brasileiro e que, por um contrato ainda de 2014, existe até mesmo quem defenda que a entidade acione na Justiça suíça para que o dinheiro seja liberado.

Há quatro anos, a promessa de Blatter havia sido uma manobra para suavizar as críticas contra a Fifa no Brasil e mostrar que a entidade estaria deixando um “legado” concreto ao País. Foi estabelecido o valor de US$ 100 milhões (cerca de R$ 372 milhões), o que representava um pequeno porcentual da receita de US$ 4,5 bilhões gerados pelo Mundial daquele ano.

Ao longo de 2014 e início de 2015, alguns projetos começaram a ser realizados e a CBF recebeu cerca de US$ 8 milhões do fundo. Mas, com as prisões de José Maria Marin e o indiciamento de Marco Polo Del Nero, já no cargo da presidência da CBF, os auditores da Fifa optaram por bloquear todo e qualquer envio de dinheiro para o Brasil.

O temor dos advogados da entidade internacional era de que o envio desses recursos fosse interpretado pela Justiça dos Estados Unidos como um sinal de cumplicidade diante de cartolas suspeitos de corrupção.

Em um impasse, a CBF e a Fifa negociaram uma saída: uma empresa mista seria criada para administrar os recursos e os projetos brasileiros seriam financiados sem que os recursos passassem pelas mãos de Del Nero.

Mas, nos meses seguintes, o cartola brasileiro seria punido pela Fifa e, logo depois, banido para sempre do futebol. Para a CBF, essa era a oportunidade para rever o acordo e convencer a Fifa de que a nova empresa não precisaria ser criada. Afinal, Del Nero já não fazia oficialmente parte da entidade do futebol nacional.

Uma nova negociação foi estabelecida e, uma vez mais, a CBF reivindicou que o repasse ocorresse diretamente. A Fifa acabou aceitando em agosto a proposta e colocou o assunto para que seja aprovado durante o Conselho da entidade, reunido nesta semana em Kigali.

Se oficialmente a questão será solucionada, na Fifa fontes confirmam que isso não significa ainda que o dinheiro chegará ao Brasil. O contrato que precisa ser assinado ainda não foi concluído e o principal obstáculo é a exigência dos auditores em Zurique.

A CBF julga que o dinheiro é seu por direito e que, portanto, precisa estar no Brasil para ser usado. A entidade ainda prometeu prestar contas de todos os projetos, que já estão pré-selecionados.

A Fifa, porém, insiste que quer o dinheiro depositado na Suíça e que, em cada etapa de aprovação de uma iniciativa, enviará o montante.

Entre os projetos selecionados pela CBF está o gasto de 15% dos US$ 100 milhões para o desenvolvimento do futebol feminino. O restante do dinheiro iria para os estados que, em 2014, não receberam jogos da Copa do Mundo. Centros de treinamento e cursos serão bancados com esses recursos.

A esperança de membros da CBF é de que, nas próximas semanas, esse impasse no contrato seja superado.

Num momento em que o real desvalorizou diante do dólar, há poucas semanas, diretores da CBF chegaram a tentar convencer a Fifa a rapidamente repassar o dinheiro ao Brasil. Na conversão, isso significaria que os US$ 100 milhões não seriam R$ 370 milhões. Mas pelo menos R$ 430 milhões. Mas nem assim a Fifa aceitou.

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