O futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, que atualmente dirige o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmou nesta segunda-feira, 29, que, em reunião mais cedo em Brasília, o presidente Michel Temer pediu apenas que, no novo cargo, tenha preocupação especial com o crédito para médias, pequenas e microempresas (MPMEs).
“É um assunto sobre o qual o BNDES já vem se debruçando. Tudo me leva a crer que esta é uma área em que o BNDES deveria caprichar cada vez mais a ênfase do seu trabalho”, afirmou Rabello de Castro, em entrevista pouco antes da cerimônia de lançamento da Agência IBGE Notícias, que ocorre neste momento, no Rio.
O futuro presidente do BNDES fez uma contraposição entre o foco nas empresas de pequeno porte e a distribuição de empréstimos a grandes grupos. “Queremos mais fazedores anônimos do que grandes marqueteiros ostensivos. O Brasil anônimo precisa ser apoiado, não subsidiado”, afirmou Rabello de Castro.
O economista disse ainda que a relação entre o BNDES e o setor empresarial não deve ser na lógica de um “balcão de atendimento”, embora os empresários sejam um importante “stakeholder” do banco de fomento.
Crédito
Rabello de Castro afirmou nesta que a queda nos desembolsos da instituição de fomento ocorre porque a procura por crédito “andou rareando nos últimos 12 ou 24 meses”.
“Em qualquer fase recessiva, as instituições financeiras têm atitude mais restritiva do crédito”, disse Rabello de Castro. “Quando junta demanda rala com reforço a regras prudências, o resultado final é menos crédito concedido”, afirmou o economista.
Por outro lado, Rabello de Castro destacou que o arrefecimento da inflação permitirá uma queda na taxa básica de juros, abrindo oportunidade para um novo ciclo na economia. Isso não quer dizer que o BNDES deveria ter atuação contracíclica, ampliando linhas de crédito em momentos de contração na atividade.
Segundo o economista, ciclo e contraciclo são fases normalmente curtas, medidas em “grupos de trimestres”. Nesse quadro, o BNDES é uma instituição de “ciclo longuíssimo”. “Não estou vendo contraciclo nenhum no investimento de longo prazo. Vejo um mergulho estrutural nos investimentos”, afirmou Rabello de Castro.
“A pergunta é por que os investimentos não acontecem com o vigor que deveriam ter, num País que deveria ser uma locomotiva de formação de capital”, disse o futuro presidente do BNDES.