Economia

Nível baixo da atividade é entrave para confiança, além da política, diz FGV

A piora da crise política, com o envolvimento do presidente da República, Michel Temer, na delação premiada dos executivos do grupo JBS, “acertou em cheio” a confiança do empresário do comércio em junho, mas o nível da atividade econômica também é um entrave, segundo o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo Junior.

Mais cedo, a FGV informou que o Índice de Confiança do Comércio (Icom) recuou 2,9 pontos na passagem de maio para junho, saindo de 88,6 pontos para 85,7 pontos.

Dentro do Índice de Situação Atual (ISA-Com), que recuou 3,3 pontos, para 79,6 pontos, o indicador que mede o “volume de demanda atual” tombou ainda mais: 4,9 pontos de queda, para 70,3. Apenas 7,9% dos entrevistados na Sondagem do Comércio disseram ver demanda forte em suas lojas em junho, enquanto 39,3% apontaram que a demanda está fraca. “Achei curioso o ISA cair também. Parece que (a queda da confiança) vai além da questão política. Há um desânimo”, disse Campelo.

A exceção ficou por conta dos segmentos do comércio que vendem bens de consumo duráveis, com impacto decisivo da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS, na avaliação do pesquisador da FGV. O Icom do segmento de duráveis ficou em 93,9 pontos em junho, acima da média.

Já os segmentos de não duráveis registraram 78,9 pontos, abaixo dos 85,7 pontos do Icom geral. Quando se olha para as médias móveis trimestrais, o segmento de duráveis teve alta nos dois componentes do Icom: mais 3,8 pontos no ISA-Com (para 87,5) e mais 0,8 ponto no IE-Com (para 99,0).

“Para esse pessoal, a crise política não chegou a fazer uma mudança na leitura”, disse Campelo, lembrando que o comércio de bens duráveis vem de um longo período de vendas em baixa e que ajuda a confiança a perspectiva de queda nos juros.

Para Campelo, o impacto da revelação da delação da JBS já foi captado pelos indicadores de confiança. De julho em diante, o cenário é de incerteza, sem uma tendência clara – somente se novas quedas se repetirem haverá o risco de um colapso na confiança afetar a atividade, disse Campelo.

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