O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, destacou nesta terça-feira, 27, que o resultado das transações correntes em maio, com superávit de US$ 2,884 bilhões, foi o melhor para meses de maio da série histórica iniciada em 1995. “Esse resultado indica a continuidade do ajuste nas transações correntes. Este foi o terceiro superávit mensal consecutivo”, avaliou.
No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o resultado negativo em US$ 616 milhões é o melhor para o período desde 2007. “Esse resultado se compara apenas com os períodos em que tivemos superávits anuais, e a última vez que isso ocorreu foi em 2007”, completou.
Ele adiantou que a estimativa do BC para as transações correntes de junho é de novo superávit – o quarto seguido – projetado em US$ 750 milhões. “Se isso estiver correto, o resultado acumulado no ano vai ficar ligeiramente superavitário ou por volta de zero”, acrescentou.
Rocha comentou ainda que a revisão da projeção do BC para o déficit em transações correntes para US$ 24 bilhões em 2017 está mais conservador. Antes, a autoridade monetária previa um saldo negativo de US$ 30 bilhões neste ano.
Balanço de pagamentos financiado
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC disse também que o balanço de pagamento será tranquilamente financiado com um superávit de cerca de US$ 15 bilhões em recursos no mercado privado. Ele destacou que a projeção de superávit na balança comercial de US$ 54 bilhões este ano está em linha com o saldo acumulado nos últimos 12 meses.
Segundo a revisão do BC, a projeção de déficit nas transações correntes de US$ 30 bilhões para US$ 24 bilhões em 2017 é conservadora.
Rocha também destacou que redução na projeção do déficit na conta de serviços de US$ 36,7 bilhões para US$ 34 bilhões se deveu principalmente a uma revisão na estimativa de gastos para o aluguel de equipamentos, que tem demonstrando um desempenho aquém do esperado. “Ainda temos os investimentos se reduzindo neste ano”, explicou.
Já nas contas de rendas primárias, Rocha apontou que a previsão de déficit da conta de juros foi aumentada, de 21,4 bilhões para 22,5 bilhões, enquanto a estimativa para o déficit na conta de dividendos ficou menor, de US$ 26,5 bilhões para 24,5 bilhões. “Há um movimento de elevação das taxas de juros internacionais, o que eleva a despesa líquida com juros. Já a redução em dividendos se deveu ao fluxo no começo do ano”, relatou.
Ele acrescentou que o BC tem observado alternância entre saídas e ingressos líquidos em ações e títulos de renda fixa. “Antes as projeções indicavam que ações e renda fixa – consideradas em conjunto – tenham ligeiro superávit. Agora, a estimativa é para um resultado zero no ano”, concluiu.
Remessas aos exterior
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central repetiu ainda que, embora a dívida externa continue estável, as taxas de juros internacionais aumentaram. Por isso o BC revisou para cima a projeção para essa despesa em 2017.
De janeiro até maio, essa conta está negativa em US$ 9,673 bilhões. Segundo Rocha, em junho, até o dia 23, os pagamentos líquidos de juros chegaram a US$ 741 milhões.
Já a as remessas os lucros e dividendos de US$ 1,381 bilhão em maio foram as menores para o mês desde 2013. Em junho, até o dia 23, essas remessas somam US$ 777 milhões.
“As empresas remeteram em maio lucros e dividendos de balancetes do últimos trimestre de 2016 e do primeiro trimestre de 2017. Por isso, a crise política deflagrada a partir de 17 maio não teve muito efeito nessas remessas. O que pode impactar esses fluxos é o comportamento do câmbio de cada dia, que pode ser mais favorável ou não às remessas”, concluiu.
Viagens internacionais
Rocha destacou que a conta de serviços de maio ficou estável em relação a mesmo mês do ano passado, em cerca de US$ 2,5 bilhões, próximo ao nível de 2010. No mês passado, o déficit em serviços foi de US$ 2,471 bilhões. “O ajuste nas transações correntes se mostra também na conta de serviços”, resumiu.
Ele apontou o aumento das despesas líquidas com viagens internacionais em maio e no acumulado do ano, na comparação com 2016. No mês passado, o déficit em viagens foi de US$ 1,077 bilhão, ante um saldo negativo de US$ 679 milhões em maio de 2016. Nos cincos primeiros meses deste ano, o déficit nessa conta é de US$ 4,613 bilhões, praticamente o dobro dos US$ 2,407 bilhões do mesmo período do ano passado.
“De janeiro a maio de 2016 vigorou a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a compra pacotes de viagens, o que diminuiu essa base de comparação. Agora temos um retorno à normalidade”, afirmou o representante do BC. “Os próximos meses de 2017 terão déficits maiores que os de 2016, mas a uma taxa mais modesta, não mais dobrando esse resultado”, completou.
Ele adiantou que em junho, até o dia 23, a conta de viagens apresenta um saldo negativo de US$ 818 milhões, decorrente de receitas de US$ 270 milhões e despesas de US$ 1,088 bilhão.