Economia

Shell coloca sua fatia de 17% na Comgás à venda

A multinacional Shell colocou à venda sua participação de 17,12% na Comgás, apurou o Estado com duas fontes a par do assunto. O valor da participação minoritária da petroleira no negócio de gás canalizado é estimado em cerca de R$ 1 bilhão.

Fontes afirmaram que a companhia tem até o terceiro trimestre deste ano para exercer o direito de venda de sua fatia no negócio. A Cosan, do empresário Rubens Ometto Silveira Mello, é controladora da companhia, com 62,66% de participação. O restante das ações da empresa é negociado no mercado (“free float”). Ontem, o valor de mercado da empresa de gás canalizado fechou a R$ 5,7 bilhões, segundo a Economática.

Segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, a fatia da Shell chegou a ser oferecida para o fundo de investimento Temasek, do governo de Cingapura, que avaliou o negócio, mas não teve interesse em adquirir a participação da companhia.

Nos últimos dois anos, a Shell teve a opção de exercer a venda dessa participação, mas não se desfez do negócio. Uma pessoa familiarizada com o assunto afirmou que o grupo Cosan também pode ter o direito de preferência para comprar as ações, mas ainda não há qualquer decisão sobre esse tema.

“Quem decidir comprar a fatia da Shell terá de levar em consideração ser sócio do grupo Cosan”, afirmou outra pessoa.

O grupo Cosan adquiriu o controle da Comgás em 2012, por cerca de R$ 3,4 bilhões, colocando o grupo fundado por Rubens Ometto no segmento de gás canalizado. Com atuação em quase 180 municípios de São Paulo, incluindo a capital, a Comgás é um dos principais ativos desse setor. Antes da Comgás, a companhia chegou a Avaliar a Gás Brasiliano, também com atuação em São Paulo, mas foi adquirida pela Petrobrás.

Parceria antiga

Os grupos Shell e Cosan são parceiros antigos. No início de 2010, as duas gigantes se uniram para criar a Raízen, divisão que reúne os negócios de distribuição de combustíveis e a produção de açúcar e álcool. A parceria com a Shell colocou a Cosan no mapa do mercado de combustíveis do País.

Até então, o grupo de Rubens Ometto era dono da Esso, adquirida em 2008 pela companhia, mas a união com a Shell deu maior musculatura para o grupo, que briga pela vice-liderança com o grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga. No ano passado, o Ultra comprou a rede Ale, mas ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se aprovada, a rede do grupo Ultra se consolida na vice-liderança em distribuição de combustíveis, atrás da BR Distribuidora, da Petrobrás.

Procurada pela reportagem, a Shell informou, por meio de sua assessoria, que não comenta sobre o status de ações e acordos comerciais potenciais ou em andamento. Comgás, Cosan e Temasek também não se manifestaram sobre o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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