Quatorze anos se passaram desde o chamado “Milagre de Istambul”, quando o Liverpool impediu uma derrota que seria inevitável contra o Milan, levando uma partida que estava perdendo por 3 a 0 no intervalo, para os pênaltis e ficando com o título continental. Neste sábado, em Madri, a equipe vermelha voltou a conquistar a Europa. Na segunda final inglesa da história da Liga dos Campeões – e sem o mesmo drama -, a equipe comandada por Jürgen Klopp levou sua sexta taça da competição na história, batendo os estreantes do Tottenham por 2 a 0.
O título, que havia escapado na decisão da temporada passada contra o Real Madrid, desta vez ficará em Anfield Road, consagrando ainda os brasileiros Alisson, Fabinho e Roberto Firmino, titulares absolutos na campanha que, ao contrário do ocorrido na partida derradeira, teve muita emoção em seu percurso, especialmente na virada no confronto ante o Barcelona, nas semifinais.
Na noite deste sábado, porém, o que a multidão de vermelho que foi ao Wanda Metropolitano viu foi a confirmação da força de uma defesa poderosa, comandada pelo holandês Virgil van Dijk, e de um ataque sempre marcou nas horas certas. E, na finalíssima, um gol no início e outro no apagar das luzes consagraram os comandados de Klopp.
Trata-se do sexto título do Liverpool na competição. O maior campeão inglês do torneio é agora o terceiro maior da história, atrás somente do recordista Real Madrid, com 13 troféus, e do Milan, com sete.
O JOGO – A grande surpresa nas escalações iniciais acabou sendo a ausência do brasileiro Lucas Moura, autor de três gols na semifinal contra o Ajax, no time titular de Maurício Pochettino. O brasileiro cedeu lugar a Dele Alli.
O torcedor privilegiado que pôde ir ao Wanda Metropolitano não viu muita coisa que o empolgasse depois dos dois minutos do primeiro tempo até o intervalo. Para além do show da banda norte-americana Imagine Dragons e dos tradicionais atrações artísticas que antecedem uma partida como essa, o primeiro tempo, de raríssimas emoções, praticamente só levantou a plateia no estádio até o gol de Salah, a um minuto e 48 segundos.
O egípcio abriu o placar graças a um pênalti dos mais inusitados, marcado com convicção pelo árbitro esloveno Damir Skomina após Sissoko erguer o braço, aparentemente para uma orientação, e vê-lo atingido pela bola dentro da área em tentativa de cruzamento de Sadio Mané, logo aos 24 segundos.
Depois disso, o que se viu foi o time de Londres tentando se reajustar, mantendo freneticamente a posse de bola – em alguns momentos chegou a ter o dobro em relação ao adversário -, enquanto o vice-campeão inglês continuava a manter uma marcação alta, obsessiva, que acabou mantendo, lá atrás, o goleiro brasileiro Alisson sem participação no primeiro tempo do confronto. O Liverpool, por sua vez, ainda conseguiu ser mais efetivo nas finalizações, assustando Lloris em arremates de fora da área de seus dois laterais, Alexander-Arnold, aos 16, e Robertson, aos 37 minutos.
Na volta do intervalo, mesmo com uma tentativa de aumentar a agressividade no jogo por parte do Tottenham, o panorama do embate não mudou muito, com uma diferença: o Liverpool reteve a já famosa sólida marcação em seu campo e frequentemente buscava mais o contra-ataque. Não obstante a vantagem no placar, quem começou a alterar primeiro sua equipe foi Jürgen Klopp, fazendo duas alterações antes dos 16 minutos, tirando o brasileiro Firmino e Wijnaldum, respectivamente, para as entradas de Origi e Milner. Em resposta, aos 20, Pochettino chamou Lucas Moura para a vaga de Winks, tentando romper a barreira do time vermelho.
Logo na sequência, novamente quem ameaçou foi o time de Anfield, com bela trama entre Salah e Milner, que terminou com chute rasteiro do experiente meia, que passou raspando a trave esquerda de Lloris.
O relógio parecia passar rápido para a equipe de Londres, até que finalmente Alisson precisou mostrar porque sua contratação foi importante ao fazer três ótimas defesas em sequência, em chutes de Son e Lucas Moura, aos 34; e em cobrança de falta pela ponta esquerda de Eriksen, aos 39.
E justamente quando o Tottenham ensaiava uma pressão final, o Liverpool mostrou porque é o clube inglês que mais tem tradição e força fora da ilha. O belga Origi, aos 41, aproveitando passe limpo de Matip depois de um bate-rebate na área adversária, bateu cruzado, no canto de Lloris, para pintar a Europa de vermelho pela sexta vez.
FICHA TÉCNICA:
TOTTENHAM 0 x 2 LIVERPOOL
TOTTENHAM – Lloris; Trippier, Alderweireld, Vertonghen e Rose; Winks (Lucas Moura), Sissoko (Dier), Eriksen, Dele Alli (Llorente) e Son; Kane. Técnico: Maurício Pochettino.
LIVERPOOL – Alisson; Alexander-Arnold, Matip, Van Dijk e Robertson; Fabinho, Henderson e Wijnaldum (Milner); Salah, Firmino (Origi) e Mané. Técnico: Jürgen Klopp.
GOLS – Salah (pênalti), a 1 minuto do primeiro tempo, e Origi, aos 41 minutos da etapa final.
CARTÃO AMARELO – Não houve.
ÁRBITRO – Damir Skomina (ESL).
RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.
LOCAL – Estádio Wanda Metropolitano, em Madri, na Espanha.