A Argentina entrará em campo neste domingo, às 16 horas, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, para enfrentar o Catar em um jogo no qual lutará para garantir classificação às quartas de final da Copa América. E colocará em jogo uma longa tradição, pois, se conquistar este objetivo, a seleção de Lionel Messi também evitará a repetição de um fiasco que o time nacional não amarga desde 1983, quando foi eliminada pela última vez na fase de grupos da competição continental.
Os argentinos ocupam o lanterna do Grupo B do torneio realizado no Brasil, com apenas um ponto, e precisam da vitória sobre os catarianos, que possuem a mesma pontuação, mas estão em terceiro lugar da chave por possuírem melhor saldo de gols. A Colômbia, com topo assegurado, com seis pontos, enfrenta o Paraguai, vice-líder, com dois pontos, no outro duelo que fecha este grupo, também às 16h deste domingo, na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Pelo regulamento da Copa América, seguem à próxima fase o líder e o vice-líder das suas três chaves, além dos dois melhores terceiros colocados. Ou seja, apenas quatro das 12 seleções participantes não vão às quartas de final. “Seria uma loucura se não avançarmos quando são três times (por grupo) praticamente os que se classificam”, ressaltou Messi, na última quarta-feira à noite, no Mineirão, pouco depois de marcar o gol de pênalti que garantiu o empate por 1 a 1 com o Paraguai e manteve vivo o seu país na competição.
“Trataremos de buscar a nossa melhor versão para seguir em frente”, disse o técnico Lionel Scaloni ao projetar o duelo diante do Catar. E o treinador chegou a reconhecer que a Argentina “tem sorte por ainda estar viva” na luta pela vaga.
Sem conquistar um título com a sua seleção principal desde 1993, quando faturou justamente a Copa América daquele ano, a Argentina supera ao menos o estágio de grupos do torneio desde 1987. De lá para cá, foram realizadas 13 edições do evento e os campeões mundiais de 1978 e 1986 sempre foram, no mínimo, até as quartas de final. Antes disso, há 36 anos, eles caíram na fase inicial da competição naquela que foi a última vez em que o tradicional certame de seleções não ocorreu em uma única sede.
Naquela ocasião, a Argentina foi eliminada da Copa América como vice-líder de uma chave que teve o Brasil avançando como primeiro colocado, sendo que, em 1983, apenas os ponteiros de cada grupo, além do campeão da edição anterior do torneio, se classificaram diretamente para as semifinais – não havia a disputa de quartas de final.
Naquela campanha, os argentinos estrearam com um empate por 2 a 2 com o Equador, em Quito, e depois chegaram a vencer o Brasil por 1 a 0 na segunda rodada do Grupo B, em Buenos Aires, então com um gol de Ricardo Gareca, treinador do Peru nesta edição de 2019 da Copa América. Entretanto, no duelo seguinte, a equipe dirigida por Carlos Bilardo decepcionou a sua torcida com uma igualdade por 2 a 2 com os equatorianos no estádio Monumental de Núñez, antes de fechar campanha nesta fase com um 0 a 0 com o Brasil, no Maracanã.
No fim das contas, os brasileiros terminaram com os mesmos cinco pontos somados pelos argentinos, mas garantiram o topo pelo melhor saldo de gols, pois venceram o Equador por duas vezes, sendo uma por 1 a 0, em Quito, e outra por 5 a 0, no estádio Serra Dourada, em Goiânia. Na sequência do torneio, os brasileiros eliminaram o Paraguai nas semifinais, mas foram vice-campeões após um empate por 1 a 1 com o Uruguai no confronto de volta da decisão, com quase 86 mil pessoas na Fonte Nova, em Salvador – na ida, em Montevidéu, os uruguaios ganharam por 2 a 0 no estádio Centenário.
Depois de amargar este fracasso em 1983, a Argentina só conseguiu conquistar a Copa América em duas das 13 edições seguintes do torneio, com os troféus erguidos em 1991 e 1993. Neste período, sequer avançou às semifinais em 1995, 1997, 1999 e 2001. E a série de decepções para uma seleção que luta para sair da incômoda fila de títulos se acentuou com quatro vice-campeonatos, sendo dois diante do Brasil, em 2004 e 2007, e dois contra o Chile, em 2015 e 2016. No intervalo entre estes vices, o time de Messi ainda sofreu uma dura eliminação nas quartas de final de 2011, quando caiu nos pênaltis contra o Uruguai na última vez em que a Argentina sediou o torneio continental.
Em 1975 e 1979, nas outras duas únicas edições em que a Copa América contou com partidas em várias sedes diferentes, a Argentina também caiu na fase de grupos. E nas duas ocasiões também fez parte de uma chave que teve o Brasil avançando como líder.
TRADIÇÃO EM JOGO – A Argentina é a segunda maior campeã da história da Copa América, com 14 títulos. Antes das taças erguidas em 1991 e 1993, também assegurou o troféu em 1921, 1925, 1927, 1929, 1937, 1941, 1945, 1946, 1947, 1955, 1957 e 1959. O País também acumula outros 14 vice-campeonatos – antes dos últimos quatro, também ficou com o segundo lugar em 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1959 e 1967.
O longo período de fila dos argentinos permitiu que o Uruguai assumisse a condição de recordista de títulos do torneio continental, status que garantiu em 2011, quando ganhou a competição pela última vez e passou a contabilizar 15 canecos em sua galeria – também se sagrou campeão em 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1956, 1959, 1967, 1983, 1987 e 1995.
O Brasil é o terceiro maior vencedor da Copa América, com oito troféus, quatro obtidos como país-sede em 1919, 1922, 1949 e 1989, e mais quatro nos anos de 1997, 1999, 2004 e 2007. E a seleção brasileira ainda foi vice-campeã por 11 ocasiões, em 1921, 1925, 1937, 1945, 1946, 1953, 1957, 1959, 1983, 1991 e 1995.