Na contramão das agências tradicionais de classificação de risco, a Companhia Francesa de Seguros e Comércio Exterior (Coface) acaba de elevar a nota do Brasil, de “C” para “B”, disse ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) a economista da empresa, Patrícia Krause. Pelos parâmetros da seguradora francesa, porém, o Brasil continua sendo uma economia especulativa.
A Coface avalia o rating de 100 países onde está presente com seus serviços e é a líder no seguimento de seguro de crédito e exportação no Brasil. Pelos parâmetros da empresa, países que detêm notas A, A1, A2, A3 e A4 são classificados como investment grade, ou livres de riscos. De B a E referem-se a países que oferecem riscos de insolvência. Na região da América Latina, o único país que detém a nota E é a Venezuela, para o qual a Coface hoje não aceita mais fazer seguros.
Patricia explica que a pequena elevação no rating brasileiro é resultado da melhora dos balanços das empresas no ano passado, que culminou com a alta expressiva dos preços das ações na Bolsa de Valores. “O Brasil saiu do alerta vermelho do Grupo”, disse a economista da seguradora francesa.
O ano 2017, segundo ela, foi de recuperação para a Coface. Foi um período em que ocorreu um número menor de sinistros comparativamente a 2016. “Estamos dentro do que é razoável”, disse a economista, acrescentando que hoje não há mais no grupo uma preocupação específica com Brasil.
Além da melhora da saúde financeira das empresas no ano passado, na esteira da retomada da economia, internamente a Coface adotou práticas com o objetivo de reduzir o volume de sinistros. Entre as ações, a empresa aumentou o time de analistas de riscos e saiu de operações consideradas de elevadíssimo risco.
“Tanto é que a gente melhorou a nota do Brasil, o que é totalmente contraditório com o que está acontecendo com os ratings”, reiterou Patrícia. Ela conta que a Coface leva mais em consideração o histórico de pagamento das empresas e o histórico de relacionamento das empresas com a seguradora.
“Além disso, fazemos uma análise de curto prazo. As agências de rating olham mais para o risco soberano do País, para o longo prazo. Neste ponto o Brasil não melhorou nada. A reforma da Previdência não foi votada e a política fiscal continua ruim. Mas do ponto de vista do curto prazo, os balanços das empresas melhoraram, tanto que a gente viu o quanto a bolsa subiu nos últimos tempos”, disse.