A colheita mais tardia da safra de soja por atraso na época do plantio levou o agricultor Emilio Kenji Okamura a reduzir em ao menos 25% a área cultivada com milho safrinha, na safra 2017/18. Dos 750 hectares pretendidos, ele está plantando 550 hectares em área desocupada pela colheita da soja, na fazenda Vale Grande, em Capão Bonito, interior do Estado de São Paulo.
Okamura não vê motivos para lamentar o plantio menor. Muitos outros produtores tiveram de fazer o mesmo, derrubando a previsão de safra do grão, o que, por outro lado, resultou em alta na cotação do milho. Em duas semanas, a saca de 60 kg subiu de R$ 30 para R$ 40, ou 33,3%, para o produtor. O agricultor explica que a seca no período de plantio da soja atrasou a semeadura da oleaginosa, que teve o desenvolvimento retardado também por períodos de dias nublados.
Com isso, a “janela” para o plantio do milho ficou mais curta. “Muito produtor está colhendo a soja agora, quando já ficou tarde para semear o milho safrinha, devido ao risco de geada na entrada do inverno. Em nossa região, o período ideal terminou no dia 28 de fevereiro. Depois disso, o risco aumenta.”
Ele conta que, no Paraná, a queda no plantio do milho safrinha foi ainda mais expressiva, trazendo impacto na cotação.
Argentina
A quebra na produção de milho argentino, causada pelo estiagem, também influenciou os preços por aqui. “Fala-se numa produção bem menor que a prevista. Se isso se confirmar, os preços podem subir ainda mais”, disse.
Okamura diz ser do tempo em que o milho era plantado no verão. Com o avanço da soja, que tem mercado mais seguro, os produtores passaram a dar mais espaço para a oleaginosa na safra principal, relegando o milho à segunda safra.
O surgimento de pragas com maior incidência no período do calor contribuiu para a mudança. “Se há dez anos, eu plantava 700 hectares de milho no verão, hoje, não passo de 200 hectares”, observa.
Essa migração levou as empresas de sementes a desenvolver cultivares próprios para a safrinha, plantada entre o verão e o inverno.
Por conta do clima, o milho da safrinha é menos produtivo que o da safra de verão. Nesta, a produção média é de 130 sacas por hectare, enquanto de verão chega a 230.
O produtor lembra que o preço da soja também subiu, impactado pelas condições adversas para a cultura no Sul do País e, principalmente na Argentina. No país vizinho, onde as lavouras ainda estão em desenvolvimento, a falta de chuvas comprometeu a produtividade em 50% da área cultivada. “Já se fala numa quebra de 10 milhões de sacas, fazendo o preço da soja subir de R$ 65 para R$ 72 nos últimos dez dias.”
Ele diz que o preço está melhor que na safra passada, quando o valor médio da soja no campo ficou abaixo de R$ 65. De olho na tendência de alta, muitos produtores estão segurando a venda da soja que não foi comercializada no mercado futuro.
Okamoto só vendeu 15% da produção. “A venda do restante vai ser na cotação do dia”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.