Michel Platini compareceu nesta sexta-feira à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) para apresentar seu recurso contra uma suspensão de seis anos imposta pela Fifa por ter recebido um pagamento de 2 milhões de euros (aproximadamente R$ 7,9 milhões), que foi aprovado por Joseph Blatter.
O presidente da Uefa não falou com os repórteres ao chegar para a audiência fechada, prevista para durar pelo menos oito horas. Um veredicto pode ser apresentado na próxima segunda-feira, quando membros da Uefa se reunirão em Budapeste, Hungria, na véspera do congresso anual das suas 54 federações de futebol.
“Espero que seja no início da próxima semana, talvez um pouco mais tarde”, disse o secretário-geral da CAS, Matthieu Reeb. “O tribunal da CAS irá adaptar-se às necessidades das partes”, acrescentou.
O painel de três membros da CAS está julgando o caso de Platini e tem autoridade para até impor um banimento pelo resto da vida por corrupção. Anteriormente, os comitês de ética e apelação da Fifa descartaram a acusação de corrupção e apontaram Platini e Blatter como culpados por conflitos de interesse e deslealdade.
A CAS nomeou o italiano Luigi Fumagelli para presidir a comissão julgadora do caso de Platini. Fumagelli foi membro do painel que confirmou uma suspensão de quatro meses para o atacante uruguaio Suárez, do Barcelona, por morder o italiano Chiellini na Copa do Mundo de 2014. A equipe de defesa de Platini escolheu o francês Jan Paulsson, a partir de uma lista elaborada pela CAS, e a Fifa optou pelo belga Bernard Hanotiau.
Ex-presidente da Fifa, Blatter compareceu ao tribunal como testemunha. Ele empregou Platini como conselheiro presidencial entre 1999 e 2002. “Eu aceitei essa tarefa. Estou em boa forma e feliz em ser uma testemunha nesta matéria”, disse.
Platini e seu antigo aliado negam ter cometido qualquer irregularidade e afirmam que eles tinham um contrato verbal para a realização do pagamento. A Fifa repassou o valor ao francês três meses antes de Blatter ser reeleito como presidente em 2011.
Ambos são, efetivamente, a principal testemunha no recurso do outro. O recurso de Blatter contra a sua suspensão de seis anos será ouvido em data posterior, e por um outro painel da CAS. É provável que o veredicto de Platini seja anunciado antes da audiência do caso de Blatter, apesar de seus casos envolverem praticamente as mesmas evidências.
Platini mostrou mais urgência para acionar a CAS, pois ele e a Uefa pretendem esclarecer a situação antes do início da Eurocopa, em 10 de junho, com o ex-jogador esperando estar à frente do torneio, disputado na sua França natal pela primeira vez desde 1984, quando ele foi capitão da seleção anfitriã e campeã.
A Uefa pretende organizar uma eleição presidencial, possivelmente em Paris, em junho, para substituir Platini se ele permanecer suspenso. Um dos potenciais candidatos à sucessão de Platini estava entre as testemunhas nesta sexta-feira. Se trata do espanhol, Angel Maria Villar, vice-presidente da Uefa e da Fifa, que não deu declarações públicas.
Uma terceira testemunha é Jacques Lambert, o diretor da Eurocopa de 2016 e um amigo de longa data de Platini. Lambert e Platini lideraram a organização operacional da Copa do Mundo de 1998, antes do craque passar a trabalhar na Fifa.
Visto por muito tempo como sucessor de Blatter, Platini viu suas chances de se tornar presidente da Fifa se encerrarem com a revelação do pagamento, que se tornou de conhecimento público em setembro de 2015, quando promotores federais suíços abriram uma ação penal contra Blatter por suspeita de má gestão. Blatter foi substituído como presidente da Fifa há dois meses por Gianni Infantino, braço direito de longa data de Platini na Uefa.