Esportes

Sindicato dos jogadores denuncia condições de trabalho em obras para Copa de 2022

A Federação Internacional de Futebolistas Profissionais (FIFPro) endossou as denúncias contra as condições de trabalho nas obras para a Copa do Mundo de 2022, no Catar. O principal sindicato de jogadores do futebol mundial divulgou um vídeo nesta terça-feira em que atletas criticam e cobram a Fifa e as autoridades do país por melhorias aos funcionários.

Criado pelo sindicato de atletas da Dinamarca e difundido pela FIFPro, o vídeo traz dois jogadores do campeão dinamarquês Copenhague, além de um dirigente, questionando as condições às quais os operários são expostos e criticando os responsáveis pela organização do Mundial.

Os atletas citados são o zagueiro Tom Hogli, da seleção norueguesa, e o meio-campista William Kvist, com passagens pela seleção dinamarquesa. “Alegações de corrupção. Milhares de mortes. Violações sistemáticas dos direitos humanos. Exploração do trabalhador. Escravidão moderna”, acusam eles logo no início da filmagem.

“As condições de trabalho no Catar são, infelizmente, cruéis. Eles (operários) têm longos dias de trabalho, e faz muito calor. A segurança é pobre, os salários são horríveis e seus passaportes são confiscados. E em muitas formas, eles vivem como escravos. O mundo do futebol não pode aceitar isso”, garante Hogli.

Kvist entoa o discurso de seu companheiro e convoca os jogadores para um protesto. “Nós não podemos decidir a sede da Copa do Mundo, mas nós, jogadores, temos que protestar. Não podemos jogar futebol às custas da população. O fato de muitos morrerem para fazerem 12 bons estádios para nós não tem nada a ver com o futebol. Precisam milhares de trabalhadores morrer por quatro semanas de futebol?”.

As críticas às condições de trabalho dos operários das obras para a Copa no Catar são antigas e já houve denúncia até da Anistia Internacional. Há dois meses, o órgão divulgou relatório no qual classificou como “subumanas” as condições dos trabalhadores e alertou para o fato de eles não conseguirem se desligar das empresas responsáveis.

Todos os operários entrevistados para o relatório disseram sofrer algum tipo de abuso, inclusive a habitação em quartos miseráveis ou superlotados, atraso de meses nos pagamentos de salários e até a retenção de seus passaportes para dificultar a saída do país.

O Catar já anunciou planos de mudar seu sistema trabalhista conhecido como “kalafa”, que deixa os trabalhadores vulneráveis à exploração de seus empregadores. Diversas alterações já foram adotadas pelo governo local no fim do ano passado, mas ainda não entraram em vigor.

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