O prefeito Eduardo Paes negou que a crise financeira no Estado do Rio de Janeiro tenha sido causada pelos gastos com os Jogos Olímpicos, como afirmam especialistas. Segundo ele, a maior parte dos gastos, 93,5%, pela construção das instalações olímpicas partiu da prefeitura e não do orçamento do Estado. Ele ainda reclamou do baixo investimento do governo federal na Olimpíada.
Na semana passada, o presidente interino, Michel Temer, prometeu em encontro com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) que o governo federal colocaria dinheiro na Olimpíada, porque o Comitê Rio-2016, que tem orçamento privado, não está conseguindo fechar as contas para as cerimônias de abertura e encerramento.
Na última segunda-feira terça-feira, no entanto, o comitê informou que nenhum recurso federal havia entrado. Nesta terça, o prefeito do Rio afirmou que está tentando buscar patrocínios para fechar as contas das cerimônias. “Senão, vai sobrar para o Estado ou município. E quem você acha que terá que pagar?”, observou.
Segundo Paes, as críticas à realização do evento são fruto de “preconceito ideológico”. Em coletiva de imprensa para apresentar as finanças do município, ele rebateu, principalmente, as declarações do economista norte-americano Andrew Zimbalist, especialista em contas de grandes eventos esportivos, a quem Paes se refere como “sujeito”. “Prefiro ver o Freixo (Marcelo Freixo, possível candidato à prefeitura do Rio pelo PSOL) a ver o Andrew nas páginas (dos jornais)”, contestou.
Segundo o prefeito, os gastos da cidade do Rio exclusivamente com os Jogos Olímpicos, como com arenas esportivas, foi de R$ 732 milhões, de 2009 a 2015, o equivalente a 1% do orçamento de educação e saúde. A maior parte do orçamento público com o evento, R$ 7 bilhões, teria partido de parcerias com a iniciativa privada.
“O Rio não tem fortuna para fazer parque aquático. A prefeitura conseguiu fazer tanta coisa porque a gente recorreu ao setor privado”, disse o prefeito, ressaltando que o endividamento do município caiu à metade durante o período de obra.
Paes agradeceu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff pela parceria nos investimentos. Mas atribuiu à prefeitura, e não ao governo federal, os ganhos da cidade com as construções. “Registro minha gratidão pelo governo federal. Daí a achar que o governo federal está pagando a Olimpíada de 2016, não é bem assim”, contestou, complementando que não há na afirmação uma crítica política a Lula e Dilma.
Já a ajuda financeira da União ao Estado do Rio, garantida pelo presidente interino, Michel Temer, foi elogiada por Paes. “Nada é mais justo do que o presidente Temer ajudar o Estado para vencer a crise. O Rio receberá os Jogos que não são só da cidade. O Brasil conquistou. Não fui sozinho a Copenhague (disputar ser a sede dos Jogos)”, disse.