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Bolt deixa isolamento no Rio, dança samba com passistas e brinca com Asafa Powell

Depois de alguns dias quase anônimo no Rio de Janeiro, o astro Usain Bolt quebrou o silêncio nesta segunda-feira, em evento na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca. Em busca do tricampeonato olímpico nos 100m, nos 200m e no revezamento 4x100m, o jamaicano garantiu dar 150% na pista. Por outro lado, reconheceu que teve mais percalços neste ciclo olímpico do que nos anteriores e celebrou sua evolução.

“Não está sendo uma temporada perfeita, mas estou em melhores condições físicas que nas últimas corridas, fiquei muito infeliz por não competir na seletiva jamaicana de atletismo, mas estou treinando bem, meus técnicos estão felizes.”

As declarações vieram acompanhadas de descontração. Nesta segunda-feira, Bolt dançou samba com passistas, tirou selfie com jornalistas, gargalhou com um rap feito por um jornalista norueguês e fez piadas com o compatriota Asafa Powell.

A classificação do velocista para os Jogos Olímpicos teve um enredo dramático. No dia 1.º de julho, Bolt sentiu uma lesão na coxa esquerda e abandonou a seletiva jamaicana de atletismo antes mesmo de disputar a final dos 100 metros. Com isso, apresentou um atestado médico e teve de aguardar a decisão do Comitê Olímpico da Jamaica. A convocação só veio dez dias depois.

Com uma contusão de grau um, Bolt teve tempo suficiente de se recuperar e competir a etapa de Londres da Diamond League. A vitória nos 200 metros, com 19s89 – 5.º melhor tempo do ano -, confirmou sua reabilitação e um final feliz para a história. Sempre tão confiante, o homem mais rápido do mundo admitiu que a prova lhe dá um pouco de ansiedade. “Fico mais nervoso nos 200 metros do que nas outras por alguma razão. Mas não me estresso, sei minhas fraquezas, sei meus pontos fortes.”

Além de ser multicampeão olímpico, Bolt é recordista mundial nos 100m (9s58) e nos 200m (19s19). A perseguição aos recordes continua, mas ele mantém os pés no chão. “Sempre quis correr abaixo dos 19s, mas acho que será um pouco difícil porque perdi a seletiva nacional e perdi algumas semanas de treino na reta final da temporada, mas nunca se sabe.” Ele também destacou que a força mental terá papel importante nesta edição dos Jogos.

Em 27 de julho, Bolt desembarcou no Rio sob um forte esquema de segurança. Para manter a tranquilidade, a delegação jamaicana ficou hospedada no afastado Linx Hotel até entrar na Vila Olímpica. Os atletas encontraram facilidade logística no início. A acomodação ficava perto dos treinos no Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes).

Confinado, Bolt se ausentou da cerimônia de abertura da Olimpíada, no Maracanã. Um dia antes também ficou fora do evento de hasteamento da bandeira jamaicana na Vila Olímpica para evitar tumulto. A concentração tem sido a marca do astro jamaicano. Entediado com tanto silêncio, ele comprou uma televisão de tela plana para colocar em seu quarto na Vila. Foi sua única ressalva.

“Tem sido bom até agora, não tenho do que reclamar. Meu único problema foi ter de comprar uma TV. E comprei porque o Asafa precisava e sou um bom parceiro”, brincou Bolt, aos risos, para depois completar: “Não tenho saído muito, fico descansado mais no quarto, a pista estava boa quando treinei, as pessoas são legais, os ônibus estão no horário”.

O que está faltando para ele agora é sentir a energia dos brasileiros. Para isso, o jamaicano até fez um apelo nas redes sociais, na noite de domingo, para que o público compre ingressos para assistir ao atletismo. “Vai ser incrível”, prometeu. Em contagem regressiva, Bolt estreia nos Jogos do Rio-2016 no próximo sábado.

A expectativa é a de ver o Engenhão lotado, já que a popularidade do homem mais rápido do mundo é enorme até mesmo entre os atletas olímpicos. Dos 3.098 esportistas que usam Twitter e estão no Rio para a Olimpíada, 541 seguem Bolt.

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