A prefeita de Roma, Virginia Raggi, rejeitou oficialmente nesta quarta-feira a candidatura da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2024. Assim, a capital italiana poderá abandonar a disputa para abrigar uma edição da Olimpíada pela segunda vez em apenas quatro anos.
Se aprovada pela assembleia da cidade, a rejeição da prefeita deixará apenas Los Angeles, Paris e Budapeste na corrida para abrigar o grande evento que ocorrerá quatro anos após os Jogos de Tóquio-2020. O Comitê Olímpico Internacional (COI) irá eleger a sede da Olimpíada de 2024 em setembro do próximo ano.
Ao justificar a sua rejeição em uma entrevista coletiva na sede da prefeitura, Raggi afirmou que seria uma “irresponsabilidade dizer sim a esta candidatura” e se mostrou contrária a “hipotecar o futuro de Roma” com a realização dos Jogos de 2024 na Itália. Para completar, ela acredita que a capital do país paga até hoje o alto preço por ter sido palco da Olimpíada de 1960.
Eleita em junho para governar a capital italiana, Raggi já havia mostrado anteriormente que estava propensa a rejeitar a candidatura, tendo em vista os altíssimos custos que demandam a realização de uma Olimpíada. Porém, ainda não havia feito isso formalmente como nesta quarta-feira, quando se reuniria com o presidente do Comitê Olímpico Italiano (CONI), Giovanni Malago, e com o presidente do Comitê Paralímpico do país, Luca Pancalli, que deixaram o encontro apenas meia hora depois de terem adentrado a sede do governo romano.
E a prefeita deixou claro que precisa colocar como prioridade os problemas atuais da capital nacional e não se preocupar com uma candidatura que inevitavelmente iria comprometer os cofres públicos. Para ela, trata-se de uma candidatura que não é “sustentável” para a cidade. “Pergunte a um incapacitado (deficiente físico) o que significa se deslocar por Roma a cada dia, pergunte a uma cidadão que quer andar de bicicleta, a quem tem de andar talvez até com um carrinho de bebê”, afirmou. Para completar, Raggi enfatizou: “Não nos fazem falta outras catedrais no deserto, de outros investimentos que pagaremos durante anos e anos”.
Para que uma cidade seja mantida como candidata de uma edição da Olimpíada, o COI exige que a mesma tenha apoio da própria prefeitura da cidade, do governo do seu país e também do seu comitê olímpico. E, no início deste mês, o próprio primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou que iria considerar um “erro, uma mudança muito triste” se a capital do país retirasse a sua candidatura aos Jogos de 2024.
Uma semana depois de Renzi se manifestar sobre o assunto, uma carta assinada por todos os medalhistas olímpicos da Itália nos Jogos do Rio fazia um apelo para que a prefeita de Roma não rejeitasse a candidatura da cidade. Entretanto, ela parece não ter se comovido com os pedidos, depois de seu antecessor no cargo, Ignazio Marino, ter apresentado formalmente a candidatura da cidade ao COI no ano passado, após uma votação do conselho da cidade apontar apoio esmagador à mesma.
Porém, essa não seria a primeira vez que Roma deixaria uma corrida olímpica no meio do caminho depois de ter apresentado inicialmente a sua candidatura. Em 2012, o então primeiro-ministro italiano, Mario Monti, acabou determinando a retirada da cidade da disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2020 por razões financeiras.