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Morto após acidente em 1994, Dener está de volta com lançamento de sua biografia

Dener está de volta, 22 anos após falecer em um acidente de carro no Rio de Janeiro no auge da carreira. Não é obra da ciência. É o milagre da literatura. Saiu do prelo a primeira biografia do craque: “Dener – o Deus do Drible”. Tudo em caixa alta: Dener, Deus e Drible.

Quem usa essa imagem do retorno é o próprio autor, o filósofo e historiador Luciano Ubirajara Nassar. “Dener nunca foi reconhecido como deveria. Agora está eternizado pela literatura e tenho certeza que virão outros livros sobre ele. É a sua volta”, disse o escritor de “Rei Enéas, um gênio esquecido” e “Julinho Botelho, um herói brasileiro”.

O ex-técnico Pepe, que trabalhou com o meia no início dos anos 1990, crava que Dener foi melhor que Robinho e do mesmo nível de Neymar. O “Canhão da Vila” ensina que as posições são diferentes. Neymar cai pelos lados do campo; Dener pegava a bola na linha central e ia enfileirando os rivais com dribles em ziguezague. Era um craque com repentes de Pelé. “Sem técnica e habilidade, a bola não tem graça”, afirmou o craque.

Deste jeito, driblando em direção à meta, fez o gol mais bonito da história do estádio do Canindé, em São Paulo. Foi contra a Internacional, de Limeira (SP). Outro tento histórico foi feito contra o Santos em 1993, quando driblou três, além do goleiro Edinho, o filho de Pelé, antes de marcar.

A breve carreira começou em 1991, na própria Portuguesa. Dois anos depois, foi campeão gaúcho pelo Grêmio. No ano seguinte, levantou a Taça Guanabara (primeiro turno do Campeonato Carioca) pelo Vasco. Ele era o mais alto investimento da equipe para buscar o tri carioca de 1994 e estava no radar do técnico Carlos Alberto Parreira para a seleção brasileira que seria tetra nos Estados Unidos.

Ironicamente, a sua morte ocorreu dias após uma reunião entre Portuguesa e o alemão Stuttgart para tratar de uma possível transferência. Ele não estava ao volante e morreu dormindo. O saudoso jornalista Armando Nogueira escreveu que Dener driblaria a morte se estivesse acordado na hora da batida.

O livro resgata a sintonia fina do negro franzino de bigode ralo e canelas finas com as arquibancadas. “Pela etnia, história de vida, ligação com o samba e o drible, ele representava o povo brasileiro”, disse Nassar. O olhar do escritor tem a malícia de quem jogou bola. Nassar foi atacante de Linense-SP, Campinense-PB e até do Andene, da Bélgica. Ele conviveu com Dener.

Para a família, o livro também representa um tipo de revival. “Não sei explicar direito. A sensação que eu tenho é de ele não faleceu”, contou a viúva Luciana Gabino. Todos os três filhos tentaram a carreira no futebol, mas acabaram desistindo. À época, diziam que todos só falavam do pai, fazendo comparações. É isso que o livro pretende: que todos voltem a falar de Dener.

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