O São Paulo divulgou seu balanço financeiro e nele consta um aumento do passivo total de curto e longo prazos. A dívida, que em 2015 era de R$ 415 milhões, alcançou R$ 493,9 milhões no fechamento do ano passado, segundo informou um conselheiro presente em reunião realizada na noite desta quinta-feira. Já os adiantamentos de contratos subiram de R$ 47 milhões para R$ 92 milhões de um ano para outro. O documento foi aprovado pelos conselheiros presentes nesta quinta, mas houve muito bate-boca e discussão.
“A grande polêmica foi o aumento da dívida. No balanço se vê claramente a redução da dívida bancária, mas se olhar o passivo como um todo, somando todas as coisas, aumentou em cerca de 19%. Além de ter o aumento total, tem o problema de relação com a receita, que a gente chama de liquidez. O caixa caiu R$ 3,7 milhões de 2015 e 2016, ou seja, houve uma diminuição de recursos para se usar”, explicou o conselheiro vitalício Edu Barros.
Ele pertence à oposição, que decidiu antes mesmo da reunião que iria aprovar o balanço, mas que faria as críticas necessárias. “Sou do mercado de capitais, analiso balanços com frequência e fui um dos oradores com a seguinte postura: o balanço é o documento oficial de divulgação da situação financeira do clube. Quando se avalia em detalhes, o ponto crítico é a relação entre alongamento da dívida e disponibilização da receita futura”, disse.
Além do aumento da dívida, o balanço mostra que houve um aumento de um ano para outro no adiantamento de contratos, de R$ 47 milhões para R$ 92 milhões. “Isso mostra que trouxeram receitas do futuro para pagar a dívida hoje. Existe um descasamento entre a dívida de longo prazo com a receita a longo prazo. O São Paulo que a gente ama está muito doente. Temos que ter um choque de gestão”, afirmou.
Barros lamenta o fato de o São Paulo não construir origens recorrentes de receita. Para ele, o clube tem vivido de venda de jogadores e isso tira o ativo que poderia estar jogando e reforçando a equipe e o transforma em recurso de caixa. “Com isso o time perde. É um ciclo que nos leva para o buraco. Acho que a gestão deveria ter se estruturado pensando em como gerar receita sem ser com base na venda de atletas”, comentou.
Recentemente, em entrevista ao Estado, Adílson Alves Martins, diretor financeiro do São Paulo, confessou que a dívida total era de R$ 493,9 milhões, mas lembrou que muitas vezes é preciso olhar para o que gera o passivo. “No ano passado, o São Paulo negociou o meia Ganso e ainda vai receber 2,5 milhões de euros (R$ 8,5 milhões) em junho e o mesmo valor em janeiro de 2018. Metade do valor é da DIS e já está lançado no passivo. Só posso pagar o empresário quando receber. Então, não se pode incluir esse valor na dívida”, disse.
Para ele, o São Paulo conseguiu mudar o perfil da dívida, diminuindo o curto prazo e aumentando o longo, pois assim o risco de não honrar os compromissos fica menor. “Quando assumi a gestão, em novembro de 2015, o clube vinha de dois anos com déficit orçamentário, o que é muito ruim. Conseguimos nesse ano ter um superávit de R$ 900 mil, sendo que antes era R$ 72 milhões negativos.”