Legisladores democratas apresentaram nesta quinta, 18, a proposta de Joe Biden para a imigração, um pacote que inclui planos para regularizar a situação de cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem nos EUA sem documentos e a expansão de vistos de trabalho.
"Estamos aqui hoje porque, em novembro, 80 milhões de americanos votaram contra Donald Trump e contra tudo o que ele defendia", disse o senador democrata Bob Menendez, de New Jersey. "Eles votaram para restaurar o bom senso, a compaixão e a competência em nosso governo. E parte desse mandato é consertar nosso sistema de imigração, que é a pedra angular do odioso show de terror de Trump."
A proposta de Biden é um passo na direção de uma das mais importantes promessas de sua campanha: a modernização do sistema de imigração. A proposta chega ao Congresso americano em um momento difícil, em que democratas e republicanos tentam se entender para aprovar um novo pacote de ajuda financeira contra os efeitos da pandemia.
A nova legislação, chamada de Ato de Cidadania dos EUA de 2021, se baseia em uma proposta que Biden anunciou em seu primeiro dia de mandato e prevê um período de oito anos para a concessão da cidadania para a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentados que vivem nos EUA.
Depois de passar por verificações de antecedentes criminais e pagar impostos, eles seriam autorizados a viver e trabalhar nos EUA por cinco anos. Após esse período, eles poderiam se inscrever para um green card, o que lhe conferiria status permanente nos EUA e a oportunidade de obter a cidadania depois de mais três anos.
O projeto de lei tenta fazer as mudanças de maior alcance na lei de imigração em mais de três décadas. Isso eliminaria as restrições à imigração com base na família, tornando mais fácil para cônjuges e filhos se juntarem a seus parentes que já estão no país. Além disso, expandiria os vistos de trabalho para permitir que mais estrangeiros entrassem nos EUA em busca de empregos.
Diferentemente de medidas anteriores sobre o tema, as novas regras não contemplam grandes iniciativas para o aumento da fiscalização das fronteiras. Em vez disso, o projeto reserva US$ 4 bilhões para serem investidos ao longo de quatro anos em nações cujas economias enfrentam dificuldades, na esperança de evitar que as pessoas fujam para os EUA em razão de crises financeiras e de falta de segurança em seus países.
Menendez reconheceu que seria difícil obter o apoio dos dez senadores republicanos necessários para aprovar a proposta do presidente. O Senado está dividido, com 50 senadores republicanos, 48 democratas e dois independentes, que geralmente votam com o partido de Biden. "Sabemos que o caminho a seguir requer negociações, mas não vamos fazer concessões de início", afirmou Menéndez, que admitiu não saber se os democratas chegarão aos 60 votos que precisam para aprovação da matéria.
"Jamais venceremos um argumento que não tenhamos coragem de apresentar", disse o senador. "Faremos o que é justo e defenderemos uma reforma inclusiva e duradoura da imigração. Vimos pesquisa após pesquisa, a grande maioria dos americanos está conosco."
A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, comemorou a iniciativa. "Há outros que querem fazer isso aos poucos e isso também pode ser uma boa abordagem. Isso tem de ser decidido pelo Congresso", afirmou.
A proposta não foi bem recebida pelos republicanos da Câmara. Os legisladores publicaram um comunicado em que disseram que a reforma "vai reviver as políticas fracassadas do governo de Barack Obama – do qual Biden era vice – e fazer com que os americanos estejam menos seguros".
O governo dos EUA não aprovou um grande projeto de lei de cidadania desde 1986, quando uma lei de anistia foi assinada pelo presidente republicano Ronald Reagan e legalizou quase 3 milhões de imigrantes sem documentos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>