O Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, não fará mais negócios com o presidente dos EUA, Donald Trump, e com suas empresas, segundo publicou ontem o jornal <i>The New York Times</i>. A medida seria uma sanção pelo ataque ao Capitólio por extremistas incentivados por Trump em um discurso feito um pouco antes da invasão em Washington. Cinco pessoas morreram.
O Deutsche Bank é o credor mais importante do presidente, com cerca de US$ 340 milhões (ao menos R$ 1,8 bilhão) em empréstimos cedidos para a Trump Organization, grupo gerenciado por dois filhos do presidente. Procurado, o banco não comentou a medida. A Trump Organization e a Casa Branca também não falaram. A agência de notícias <i>Reuters</i> relatou em novembro que o Deutsche Bank estava procurando maneiras de encerrar seu relacionamento com Trump após as eleições nos EUA. A medida teria como objetivo evitar publicidade negativa.
O banco alemão, que começou a fazer negócios com Trump no final da década de 90, foi alvo de investigações no Congresso dos EUA sobre sua ligação com Trump e supostas conexões da entidade financeira com a Rússia. O presidente construiu sua fortuna no mercado imobiliário
As apurações e a publicidade negativa, vistas por um executivo sênior como capazes de causar "sérios danos colaterais", são indesejáveis para o banco, disseram três funcionários ouvidos pela Reuters. Além disso, as empresas que financiam os empréstimos enfrentam dificuldades. A desaceleração econômica causada pela pandemia do coronavírus atingiu a indústria de viagens, incluindo os hotéis – um dos negócios do presidente.
A relação entre Trump e o banco já passou por momentos difíceis antes. Em 2008, ele processou a área do banco responsável por imóveis depois de ter deixado de pagar um financiamento de US$ 40 milhões (R$ 214 milhões) usado para a construção de um hotel em Chicago. Na época, Trump acusou o Deutsche Bank de ser um dos causadores da crise financeira global daquele ano. Por isso, disse ele, não teria conseguido quitar seu empréstimo.
Depois da ação, a divisão de fortunas privadas da instituição europeia emprestou mais dinheiro para Trump pagar a dívida. O banco resistiu a explicar sua relação com Trump na Câmara e no Senado. Em 2017, finalmente entregou ao FBI informação sobre as contas de Trump, como parte das investigações sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições americanas.
<b>Nova York</b>
A prefeitura de Nova York também avalia cancelar os contratos da Trump Organization, que gerencia dois espaços de patinação no gelo no Central Park e o The Trump Golf Links, em Ferry Point, um campo de golfe público no Bronx.
"O presidente incitou uma rebelião contra o governo dos EUA, claramente um ato inconstitucional e pessoas morreram. Isso é imperdoável", disse o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>