O governo federal praticamente já atingiu a meta de ofertar 8 milhões de vagas no ensino técnico no Brasil entre os anos de 2011 e 2014, disse no início da tarde desta terça-feira, 19, Aléssio Trindade de Barros, secretário de Educação Profissional e Tecnologia do Ministério da Educação. Segundo o gestor, até segunda-feira, 18, já tinham sido contabilizadas 7,7 milhões de matrículas, por meio do Pronatec.
Em sua fala no Fórum Estadão Competitivo, Barros destacou que o Plano Nacional de Educação (PNE) “avança” na área profissional, com duas metas relacionadas. Uma delas, citou, é a de oferecer o mínimo de 25% das matrículas de educação de jovens e adultos nos ensinos fundamental e médio, de forma integrada. Na avaliação dele, esse é um dos grandes desafios, uma vez que o Brasil está “muito atrás” na oferta de educação profissional para jovens e adultos.
Mostrando dados que relacionam a população economicamente ativa à educação profissional, ele destacou que há, atualmente, uma presença muito forte da população na faixa etária de 50 anos entre aqueles que possuem o ensino fundamental incompleto. “O EJA (Educação de Jovens e Adultos) aliado à educação profissional ataca diretamente esse aspecto”, destacou, defendendo que é necessário que a educação profissional seja diversa e flexível para atender a diversidade de demanda.
Produtividade e renda
O crescimento da produtividade do trabalho no Brasil é essencial para que o país consiga manter o crescimento da renda da população que levou à expansão da classe média nos anos 2000, avaliou o professor da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Arbache. Em sua opinião, melhorias na educação são essenciais para que isso ocorra e para que os salários dos trabalhadores possam crescer de forma sustentável.
Arbache considerou que os níveis de produtividade do trabalho no Brasil são baixos para o padrão de países em desenvolvimento. Segundo cálculo apresentado pelo professor, a produtividade do trabalho no Brasil cresceu 5,6% de 1980 até 2013 – ritmo de crescimento considerado por ele insuficiente.
O professor da UnB considera que os baixos níveis de produtividade se tornam ainda mais desafiadores quando combinados à atual realidade do Brasil de transformação demográfica. O crescimento da população com mais de 60 anos eleva custos ao mesmo tempo em que o País já tem custos elevados associados à burocracia e à tributação. “Todos estes fatores fazem com que a entrada do Brasil na economia mundial apenas por meio de custos baixos se torne improvável”, ressaltou.
Arbache avaliou que é preciso que o Brasil aumente sua capacidade de participar num mundo em transformação e no qual o custo de mercadorias está associado a itens como marketing ou pesquisa e desenvolvimento. “É nesse ponto que a educação presta um papel fundamental”, concluiu.