A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, continua evitando responder diretamente se irá migrar para a Rede Sustentabilidade, caso seja eleita, mas deu uma sinalização de que ficaria no PSB. “Vou continuar como presidente da República eleita pelo PSB, porque não quero instrumentalizar esse lugar”, disse nesta quarta-feira, 3, em entrevista ao G1.
Marina repetiu que a Rede não é um projeto de partido seu, mas de um grupo de pessoas e que tem semelhanças com movimentos vistos em países como Portugal e Itália, em um esforço para contribuir com o processo de renovação política. “O Rede só não foi registrado por uma ação política dentro dos cartórios”, disse, reclamando do processo que culminou com o não reconhecimento da legenda pelo Tribunal Superior Eleitoral. Questionada se continuará tentando registrar o partido, Marina disse que o “esforço é de toda a Rede Sustentabilidade”.
A candidata repetiu também o discurso de solidariedade com o PSB, que busca se estabilizar após a perda da principal liderança, o presidenciável Eduardo Campos.
Desempenho nas pesquisas
Questionada sobre a possibilidade de vencer ainda no primeiro turno, dado seu crescimento recente nas pesquisas de intenção de voto, Marina adotou uma postura de humildade. “Neste momento, temos que andar de pé no chão e com sandálias de algodão”, afirmou.
Marina foi perguntada ainda se, num segundo turno, aceitaria apoio do PSDB. Não respondeu, alegando que em 2010 não gostava quando perguntavam quem ela apoiaria no segundo turno antes de ser realizado o primeiro. “Eu tenho respeito pelos concorrentes. Em uma democracia, em eleições de dois turnos, os candidatos contribuem para o debate.”
Ela reiterou também seu compromisso de não concorrer a um segundo pleito, sinalizando que até o fim de um possível mandato, espera ver aprovada uma reforma política. “Meu mandato será só esse e o próximo (presidente) terá os cinco anos”, disse, em relação à proposta de acabar formalmente com a reeleição e instalar mandatos de cinco anos.
Ministérios
A candidata ainda afirmou que não pode definir quais ministérios cortaria antes de ser eleita. “Quais serão reduzidos, isso é algo que você faz no momento em que é eleito. Ninguém pode fazer essa ilação sem ter os dados”, disse, ao ser questionada sobre a promessa de cortar à metade as pastas, que são hoje 39.
Marina também afirmou que o compromisso assumido por Eduardo Campos está mantido e que, em eventual governo, sua gestão terá transparência, eficiência e redução da máquina pública. “Por exemplo o São Francisco, será que o que é feito hoje é o mesmo projeto originário? Inúmeros projetos começam com um custo e depois têm o custo elevado.”
Avião
A presidenciável do PSB repetiu que a questão de como foi feita a compra do avião usado por Eduardo Campos deve ser esclarecida pelas investigações da Polícia Federal. “Temos um esforço muito grande para que todos os esclarecimentos possam ser dados”, disse. Mas separou as obrigações do partido de prestação de contas da “problemática dos empresários”, em referência às suspeitas divulgadas na imprensa de uso de laranjas e empresas fantasmas para viabilizar o arrendamento da aeronave.
Segundo Marina, o PSB incluiu os dados sobre o uso do avião pela campanha nas contas ligadas a Campos, que deveriam ser entregues até dia 2, prazo para a segunda prévia da prestação de contas nesta campanha. O TSE leva alguns dias para publicar o material. “A forma com que a campanha fez os esclarecimentos é inteiramente correta”, defendeu.