O sentimento positivo que vigora no exterior ajuda a limitar uma queda mais intensa do Ibovespa, que hoje dá uma pausa da alta dos últimos três pregões. Na terça, por pouco, não atingiu os 108 mil pontos (107.810,31 pontos, na máxima), mas fechou em elevação de 0,77%, aos 107.248,63 pontos. Já no exterior, as bolsas sobem de forma moderada.
O impulso externo, em parte, vem da expectativa de anúncio de novos estímulos por grandes bancos centrais, à medida que a segunda onda de covid-19 avança em algumas regiões do globo – inclusive com aumento de casos em algumas cidades do Brasil. A esperança de viabilidade de uma vacina contra o novo coronavírus também continua alimentando o otimismo. Hoje, a Pfizer anunciou que vacina contra a pandemia mostrou 95% de eficácia em resultados finais.
Já o petróleo exibe elevação perto de 2% no mercado internacional, empurrando as ações da Petrobrás para cima.
Às 11h12, PN subia 1,27% e ON tinha alta de 1,94%. Já Vale ON cedia 0,13%, apesar da elevação de cerca de 1% do minério de ferro na China. O investidor avalia a notícia de que mineradora informou que iniciou, de forma preventiva, ao protocolo de emergência em Nível 2 da barragem Norte/Laranjeiras, da mina de Brucutu, no Município de Barão de Cocais (MG).
O Ibovespa caía 0,58%, aos 106.666,84 pontos, depois de alcançar a máxima aos 107.405,78 pontos.
O recuo é puxado pelas ações do setor financeiro. O movimento veio ao mesmo tempo em que presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, falava em evento, sobretudo sobre o PIX. Conforme ele, o mais importante que a corrida pela quantidade de chaves no PIX será a corrida pela melhor experiência do usuário na plataforma de pagamentos instantâneos do BC. Disse que o sistema de pagamentos instantâneos do BC "não tira receita dos bancos. Na verdade ele vai gerar novos modelos de negócios", afirmou.
A despeito disso, pondera Luiz Roberto Monteiro, da Renascença, há temor do setor a respeito da perda de receita com o PIX. "Mas isso não é novidade", diz. "É o estrangeiro quem está sustentando a Bolsa. Temos de esperar abrir Nova York", afirma outro participante do mercado, ressaltando que uma realização de lucros neste momento é saudável, depois dos ganhos recentes. Só neste mês até agora, acumula alta de 8,48%. A maioria dos bancos tinha queda perto a 2,00%.
Também para Pedro Bresser, sócio-analista da Levante Ideias de Investimentos, a desvalorização na B3 é considerada natural, porém pondera que o ambiente tende a continuar favorável dada a seara de notícias sobre avanço de vacinas contra a covid-19.
Estudo publicado pela revista científica britânica <i>Lancet</i> mostra que a CoronaVac, vacina contra a covid-19 em desenvolvimento pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, é segura e oferece resposta imune dentro de 28 dias em 97% dos casos.
Além da valorização do Ibovespa já estar robusta, preocupações internas, especialmente as ligadas ao político e à inflação, acabam limitando ganhos.
"A inflação IGP-M segue forte, pressionada por efeitos da melhora da demanda chinesa e por causa do câmbio. Apesar de a possibilidade de repasse para o IPCA, é algo que fica no radar. Porém, o que mais preocupa é do lado político. Falta pouco para o fim do ano e logo o Congresso entrará em recesso, e ainda vemos um cabo de guerra. De um lado, Maia presidente da Câmara, Rodrigo Maia e seus aliados e, de outro, o centrão", cita Bresser, ressaltando a importância de se avançar no debate sobre a agenda de reformas, no momento em que as contas públicas estão elevadas.
Hoje, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 3,05% na segunda prévia de novembro, após ter aumentado 2,92% na segunda leitura de outubro. Com o resultado, o índice acumulou elevação de 21,70% no ano de 2020 e alta de 24,25% em 12 meses.
Internamente, o investidor continua esperando algum sinal de avanço nos debates da agenda de reformas após o primeiro turno da eleição municipal. Porém, a expectativa é de que essa pauta evolua – se evoluir – somente depois do segundo turno do pleito, no fim deste mês.
"Investidores acompanharão as movimentações do Congresso para a retomada das votações e para a reunião entre o Senador Marcio Bitar e o presidente Jair Bolsonaro sobre a PEC emergencial", cita em nota a LCA Consultores.
O encontro será para definir se o parecer de Bittar será liberado na próxima semana. A estratégia em negociação é primeiro apresentar o relatório e ver a sua repercussão para então testar a viabilidade de votar no Senado ainda em 2020.