O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), deu posse ontem à nova diretoria da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), substituindo praticamente todo o grupo ligado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), ex-governador do Estado por dois mandatos. Entre os diretores que perderam o cargo está um primo do tucano, Frederico Pacheco de Medeiros, que ocupava o posto de diretor de Gestão Empresarial. Já para a Diretoria de Gás da estatal e a presidência da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), controlada pela Cemig, o petista nomeou um dos filhos do vice-governador Antônio Andrade (PMDB).
Medeiros participava do governo mineiro desde 2003, quando o tucano assumiu seu primeiro mandato no Executivo estadual, e foi mantido por seus sucessores – Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Alberto Pinto Coelho (PP). Antes da diretoria da Cemig, Medeiros já havia ocupado os cargos de secretário adjunto de Governo e secretário-geral do próprio Aécio.
Filho do vice
Ao mesmo tempo em que retirou aliados dos tucanos da direção da estatal – que tem ações negociadas nas bolsas de São Paulo, Nova York e Madri -, Pimentel nomeou o engenheiro Eduardo Lima Andrade Ferreira, de 33 anos, filho do vice-governador, para o comando da Gasmig. A empresa é a distribuidora exclusiva de gás natural da Cemig e faturou R$ 1,5 bilhão em 2013 – último balanço consolidado divulgado.
A oposição ao governo petista reagiu. Por meio de nota, o presidente do PSDB de Belo Horizonte, deputado estadual João Leite, e o vice-presidente estadual do DEM, o também deputado estadual Gustavo Corrêa, informaram que encaminharam ao Ministério Público de Minas uma representação para que seja investigada a “prática de nepotismo no governo estadual do PT”.
Improbidade
Os deputados oposicionistas citaram as nomeações do filho do vice-governador e de Márcio Lúcio Serrano para a Diretoria de Gestão Empresarial da Cemig. Márcio Lúcio é pai do secretário-geral da Governadoria, Eduardo Serrano. Na nota, os deputados afirmam que as nomeações “configuram ato de improbidade administrativa, já que violam os princípios da moralidade, impessoalidade, legalidade e igualdade”.
O governo de Minas também divulgou nota na qual afirma que a “acusação” de nepotismo “é improcedente”. “Uma vez que os diretores da Cemig foram eleitos por unanimidade pelo conselho da empresa, formado por representantes do Estado, dos trabalhadores e dos sócios privados”, destaca a nota.
Na mesma linha, Mauro Borges, que assumiu a presidência da Cemig, defendeu a nomeação de Ferreira. “Ele foi eleito por um conselho absolutamente independente, que tem toda autonomia. Não há qualquer irregularidade”, afirmou o economista, que substituiu Pimentel no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Nenhum dos principais ex-diretores da Cemig acompanhou ontem a posse da nova diretoria. A ausência mais notada foi a do ex-presidente da empresa Djalma Morais, aliado do ex-presidente Itamar Franco.
Morais foi ministro de Itamar e nomeado para o comando da Cemig quando o ex-presidente assumiu o governo de Minas, em 1999. Desde então ele permanecia à frente da estatal. Aécio, aliado de Itamar – que morreu em julho de 2011 -, manteve Morais no cargo, assim como seus sucessores.
Apesar de ausente, o ex-presidente da Cemig foi elogiado por Pimentel em seu discurso. “Vamos destacar aqui, embora na ausência dele, o presidente Djalma Morais, que soube conduzir a empresa nestes últimos 16 anos e fazer essa transição de transformar uma empresa que era estadual, quase provinciana, numa potência que hoje vai além das fronteiras do Brasil”, afirmou o governador petista, lembrando a extensão dos negócios da Cemig. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.