A velocidade de ingestão de vodca pode ter agravado as complicações causadas pelo álcool no organismo do estudante de Engenharia Elétrica Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, que morreu após participar de uma competição de bebida em uma festa realizada em Bauru, interior paulista, no sábado, 28.
“O organismo teria tempo de metabolizar e eliminar o álcool em mais horas. Ao tomar muito rápido, não deu tempo de eliminar. A velocidade de ingestão foi maior do que a de eliminação. O álcool pode ser um veneno e, quanto maior a dose, mais severos são os efeitos”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Daniel Junqueira Dorta, que também é professor de Toxicologia da Universidade de São Paulo (USP).
Dorta diz que o álcool atua como substância inibitória no sistema nervoso central. “Perto da nuca tem o centro que regula a respiração do organismo. A pessoa acaba perdendo a capacidade de respiração. Na literatura, encontramos que a partir de 5 gramas de álcool por litro de sangue pode acontecer a depressão do centro respiratório, levando à morte.”
Para exemplificar a relação entre a quantidade de bebida e álcool concentrado no organismo, Dorta usa outro destilado: o uísque. Uma dose de 25 a 40 ml de uísque leva a uma concentração de 0,6 a 0,8 grama de álcool por litro de sangue (g/l).
A dificuldade de articular palavras e a diminuição dos reflexos podem aparecer com 1 g/l. A partir de 3 g/l, os processos de confusão e de perda da consciência já podem aparecer.
Muitos fatores interferem nos danos que o excesso de bebida alcoólica pode causar, como problemas no fígado, o metabolismo e o fato de o estômago estar vazio. “O peso influencia também. Na pessoa obesa, o álcool acaba se difundindo para o tecido adiposo e pode segurar um pouco (os efeitos).”
Dorta afirma que a sensação de relaxamento causada pela bebida pode ser mantida se a pessoa ingerir só uma lata de cerveja por hora. Em casos de mal-estar, o professor diz que é adequado não impedir o vômito. “É melhor, porque, se ainda tiver álcool no estômago, o órgão continua a absorvê-lo.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.