O Canecão (atual Espaço UFRJ), que já foi o principal palco da música brasileira e está fechado há quatro anos, pode voltar, remodelado, em 2016. O concurso público que será promovido pela UFRJ e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) para a sua readequação deve ser lançado até março. Antes do fim deste ano, a universidade quer restaurar a pintura mural “Última Ceia”, de autoria de Ziraldo, que foi feita em 1967 e desde então ficou escondida do público.
O coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da universidade, Carlos Vainer, à frente do projeto de renovação da antiga casa de shows, disse nesta terça-feira que está confirmada a criação de um centro cultural público, contendo o espaço para shows, de um centro de convenções, um hotel-escola e um estacionamento. Alguns prédios do campus da UFRJ na Praia Vermelha, perto do imóvel, em Botafogo, serão incluídos no projeto.
As portas do Canecão se fecharam em outubro de 2010, desde que a UFRJ recuperou o imóvel, depois de longa batalha judicial (a administração não pagava o aluguel devido). Desde então, a impressão de quem passa pela porta é de abandono completo. Vainer disse que a casa de shows será o primeiro lugar a entrar em obras. A intenção é que sua programação privilegie manifestações culturais que não têm lugar nas casas comerciais. Serão não só de música, mas também de artes cênicas e de dança. Porém, os grandes astros da MPB são bem-vindos, mediante pagamento de locação para os shows. Foram eles que fizeram a fama do Canecão em seus cerca de 40 anos de atividade. Entre os espetáculos mais célebres, estão os de Tom Jobim, Maysa, Chico Buarque e Roberto Carlos.
“O Canecão não existe mais. Não teremos mais uma casa comercial, queremos cumprir o papel de popularizar a arte e a cultura. A universidade não visa ao uso lucrativo daquele espaço”, explicou Vainer. “Estará aberta aos artistas de qualidade. Mas é claro que a Banda de Pífanos de Caruaru terá um tratamento diferente da Maria Bethânia”. O laboratório de restauro do “Última ceia”, que tem 32m x 6m, será aberto ao público. O mural está tapado desde que a antiga cervejaria deu lugar à casa de shows, no fim dos anos 1960. A UFRJ estima que o trabalho esteja finalizado até o fim do ano. A ideia é “devolver à cidade e a nossos artistas e músicos um grande espaço para espetáculos, agora como equipamento público, sem fins lucrativos, voltado para a democratização do acesso à cultura e à arte”, informou a universidade em nota.