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Nunca pertenci a esse mundo da política, diz Barbosa

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa voltou a rechaçar nesta terça-feira, 16, em São Paulo a possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Alegando “não pertencer ao mundo da política” e não saber “nem por onde começar”, o ex-ministro, que ganhou popularidade durante o julgamento do mensalão, disse que seria “trucidado” por seus adversários em uma eventual disputa.

“Acho que eu seria trucidado pelos eventuais concorrentes porque uma pessoa como eu, que fala o que pensa, que é livre por natureza, não se adapta a esse mundo. Eles se uniriam todos para me tirar do jogo, eu sou muito realista. Eu nem cogito”, disse Barbosa.

Reforma Política

O ministro disse acreditar que a reforma política que está sendo discutida pela Câmara é preliminar e ainda pode sofrer “uma boa limpeza” no Senado. “Provavelmente o Senado vai fazer uma boa limpeza. O Senado é composto de pessoas mais experientes, é um número menor (de membros), são ex-governadores, pessoas de larga experiência”, disse Barbosa.

Segundo Barbosa, “a Câmara está em ebulição, votando aos tropeços”. “Alguma coisa pode ser corrigida ainda na Câmara, mas o Senado poderá corrigir ainda muita coisa. O Senado foi feito para isso”, argumentou.

Racha PT/PMDB

O ministro Eliseu Padilha, articulador político informal e titular da Secretaria de Aviação Civil (SAC), afirmou também não acreditar em rompimento imediato do PMDB com o governo Dilma Rousseff. A sugestão de que os peemedebistas deixassem a aliança foi feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após ter sido alvo de críticas no 5º Congresso do PT em Salvador (BA), no fim de semana.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo no domingo, 14, Cunha disse que “dificilmente o PMDB repetirá a aliança com o PT em 2018” por considerar que “esse modelo está esgotado”.

Na tentativa de colocar panos quentes na disputa PT e PMDB, Padilha disse que a disputa dentro do governo entre os partidos da base é “absolutamente normal” e atribuiu as divergências políticas à proximidade das eleições municipais de outubro de 2016.

“Não creio (em rompimento agora) não. É natural num processo político a disputa por um espaço político local e nós estamos nos aproximando de uma eleição municipal em que este espaço vem sendo disputado desde já”, disse o ministro. “Sinceramente, eu acho que é do processo e não só com o PMDB, com os demais partidos também”, completou.

O ministro fez questão de ressaltar que o presidente do PMDB e vice-presidente, Michel Temer, já disse que o partido terá candidato a presidente em 2018. Mas destacou que a decisão do momento será tomada em um Congresso partidário para discutir especificamente este tema.

“Este (a candidatura própria) é um tema que o PMDB terá que tratar de cabeça erguida, de forma absolutamente sincera e transparente com o PT, com quem tem aliança na chapa majoritária, e principalmente com a presidenta Dilma”, afirmou Padilha, um dos ministros mais próximos de Temer.

O titular da SAC disse que o PMDB tem compromisso “muito grande” com a presidente e com a governabilidade do País. Mas, ao afirmar que todos os partidos ambicionam a “hegemonia” política, frisou que isso não impede de a legenda dar o andamento ao “projeto próprio de poder”, conforme já defendido por Temer.

“Nós somos garantidores da governabilidade, nós somos governo, porque ele é o vice-presidente da República, mas nós não vamos de nenhuma forma trair os nosso compromissos”, disse ele, que esteve no Senado para participar do lançamento de uma comissão especial para discutir o aperfeiçoamento do Código Brasileiro da Aeronáutica (CBA).

STF

Ao deixar o salão onde proferiu palestra sobre combate à corrupção na zona sul de São Paulo, Joaquim Barbosa se recusou a responder sobre o processo de escolha de seu sucessor, Luiz Edson Fachin – que toma posse nesta terça, 16, mais de dez meses depois da aposentadoria de Barbosa. “Sobre o Supremo eu não tenho nada a dizer. Eu estou fora, meu amigo”, disse ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado.

Questionado se este era o motivo do seu não comparecimento à cerimônia de posse de Fachin, Barbosa rechaçou. “Não. Eu não vou porque tenho um compromisso aqui”.

Após a aposentadoria de Barbosa, a presidente Dilma Rousseff demorou oito meses até indicar Luiz Edson Fachin. Houve polêmica em torno do nome do professor por ele ter assinado, em 2010, um manifesto pedindo votos para a então candidata do PT.

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