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Dilma e Obama se encontram em situação oposta

Enquanto Dilma Rousseff enfrenta reprovação recorde, piora nos índices da economia e um Congresso hostil, Barack Obama vive em ascensão os dois últimos anos do mandato iniciado no auge da maior crise econômica em sete décadas. As previsões do PIB dos dois países para 2015 sintetizam os humores dos dois presidentes na viagem que Dilma começa neste sábado, 27, maior potência mundial: o Brasil deve ter retração de 1,1%, ante crescimento de 3% nos Estados Unidos.

Enquanto a brasileira recém-reeleita vive uma crise de imagem diante dos problemas fiscais e das investigações sobre corrupção, o americano tem conseguido reverter o desgaste vivido também após ser reconduzido ao posto. Dilma hoje é aprovada por 10% da população, índice mais baixo desde os 9% obtidos por Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment.

Obama não está no momento de maior popularidade, mas a curva é ascendente. Depois de cair a 39% em setembro, a aprovação subiu a 46%. O índice é menor que os 50% que reprovam a gestão, mas o americano tem as projeções de crescimento do PIB a favor.

Outra taxa da economia crucial para a popularidade dos presidentes também caminha em direções opostas nos dois países. No primeiro trimestre, o desemprego no Brasil atingiu o maior patamar em dois anos, 7,9%. Nos EUA, depois de chegar a 10,2% em novembro de 2009, primeiro ano de governo Obama, a taxa caiu a 5,5% no mês passado. Com isso, se aproxima do patamar que levará o banco central americano a elevar a taxa de juros pela primeira vez em nove anos, notícia negativa para o Brasil.

Maré alta e baixa

A semana de Obama termina com vitórias em dois itens fundamentais de sua agenda. Na quinta-feira, 25, a Suprema Corte decidiu pela legalidade dos subsídios concedidos a milhões de americanos na reforma do sistema de saúde aprovada de 2010, provavelmente o mais duradouro legado do democrata. “Depois de múltiplos questionamentos desta lei perante a Suprema Corte, o Ato de Cuidado Acessível está aqui para ficar”, disse o presidente nos jardins da Casa Branca, usando o nome oficial do Obamacare.

Com a ajuda da oposição republicana, também conseguiu aprovar no Congresso o chamado fast track – autorização para negociar acordos comerciais sem o risco de serem modificados pelo Legislativo. Isso permitirá o avanço da Parceria Transpacífica, tratado que reúne os EUA e 11 países do Pacífico, como Japão, Peru, Colômbia, Chile e México.

Nesta sexta-feira, o democrata festejou a decisão da Suprema Corte de legalizar o casamento gay nos 50 Estados americanos. Apesar de não ser resultado de uma iniciativa do governo, a mudança está alinhada com as posições defendidas por Obama e seu partido. “Esse veredicto é uma vitória para a América”, declarou o presidente.

No Brasil, Dilma intercala vitórias e derrotas em uma tumultuada relação com o Congresso. No mais recente revés, a Câmara vinculou a correção dos benefícios da Previdência ao reajuste do salário mínimo, o que eleva os gastos públicos em tempos de ajuste. A presidente também vê pautas das quais discorda avançarem no Legislativo, como a redução da maioridade penal.

No campo externo, Obama também tem conseguido melhorar sua imagem, em especial nas Américas. Há dois meses, teve um histórico encontro com o cubano Raúl Castro, no principal gesto da mudança da posição dos EUA em relação à ilha. Obama decidiu abandonar a política de isolamento adotada há cinco décadas e reaproximar o país do antigo adversário da Guerra Fria, eliminando a principal fonte de irritação no seu relacionamento com a América Latina.

Na terça-feira, 30, quando Dilma e Obama se encontrarão na Casa Branca, o secretário de Estado, John Kerry, estará na Europa com negociadores iranianos e de outras cinco potências mundiais para tentar fechar um acordo em torno do programa nuclear da república islâmica. Se for bem sucedido, entregará a Obama mais um item para a agenda positiva, expressão que Dilma colocou como meta principal. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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