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Criminalidade faz USP instalar câmeras

Após casos de assaltos e sequestros relâmpago, a Universidade de São Paulo (USP) reforça a presença da Polícia Militar (PM) na Cidade Universitária e vai instalar 638 câmeras no câmpus e na USP Leste. Já a Faculdade de Direito, no Largo São Francisco, pretende implementar monitoramento eletrônico ainda neste semestre.

É a terceira vez em 15 anos que a proposta de instalação de câmeras vem à tona na Faculdade de Direito. A medida enfrenta resistência dos estudantes, que temem que o chamado “território livre” do Direito seja monitorado. Mas uma série de episódios de furtos às bibliotecas e de equipamentos eletrônicos de estudantes e da faculdade reabriu o debate. O estudante Fernando Shecaira, do 5.º ano, teve um tablet de R$ 2 mil furtado. Ele nem chegou a registrar a ocorrência. “Daria mais dor de cabeça do que solução”, diz.

O plano prevê equipamentos em locais de circulação e em pontos como bibliotecas e entradas. “Não é só uma questão de segurança do patrimônio, mas de garantir a integridade física das pessoas”, diz o diretor, José Rogério Cruz e Tucci.

A melhoria do monitoramento é uma das apostas para combater a criminalidade na Cidade Universitária, no Butantã. O edital para a compra das 638 câmeras já foi iniciado – hoje, são apenas 59 equipamentos. Nos três primeiros meses do ano, foram 41 furtos, 14 roubos e três sequestros informados à Guarda Universitária.

O novo superintendente do setor, o veterinário José Antônio Visintin, intensificou o diálogo com a Secretaria de Segurança Pública. Uma nova base móvel da Polícia Militar passou a ficar na frente do portão que fica próximo da Favela São Remo, um dos pontos críticos. Hoje, 22 policiais militares circulam no câmpus até as 23 horas. Ao Estado, Visintin afirmou que a resistência à polícia é por falta de informação. “Dizem que a PM só bate. Precisamos discutir melhor isso.”

Debate

A USP melhorou a iluminação nos pontos de ônibus, mas carece de equipe. Há só 54 guardas universitários no câmpus e 486 vigias.

Desde a ditadura militar, a presença da PM na USP é tabu, mas após o assassinato do estudante Felipe de Paiva dentro do câmpus, em 2011, a reitoria assinou um convênio com a corporação. Para o diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE-USP), Thales Migliari, a situação de insegurança não mudou. “Desde que a PM voltou ao câmpus, os casos de violência não diminuíram, há até casos de estupro.”

Visintin substituiu na Superintendência de Segurança da USP a antropóloga Ana Lúcia Pastore, que saiu em fevereiro. O aumento da presença da PM era um dos temas de discórdia entre ela e a reitoria. “Tem de haver uma discussão mais amadurecida. E na USP a prática da construção de um diálogo é muito incipiente”, diz Ana Lúcia.

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