Só pelo calibre das produtoras do filme sobre as irmãs Clark dá para sentir sua influência na música americana. Queen Latifah, Mary J. Blige e Missy Elliott estão por trás do filme As Rainhas do Gospel, que estreia neste sábado, 11, às 20h30, no Lifetime, com direção de Christine Swanson, depois de bater recorde de audiência do canal nos Estados Unidos.
"Eu cresci indo à igreja", contou Queen Latifah em entrevista durante evento da Associação de Críticos de Televisão. "Minha tia dirigia um coro gospel no Estado da Virgínia, e eu costumava acompanhar os ensaios. Via como ela construía as músicas. É algo que está impregnado em mim. Depois, fui para uma escola católica, então ainda se tratava da música de Deus. É um estilo de vida. Quando você foi criado assim, aonde vai, Deus vai também. E a música gospel segue comigo onde quer que eu vá."
A cantora e atriz lembrou-se de ir a clubes quando era adolescente, e a última música era quase sempre You Brought the Sunshine, um dos clássicos das irmãs Clark. "Todos saíam de lá com os espíritos elevados depois de uma noite de festa e bebidas", contou.
Até hoje, quando precisa chorar numa cena, ela recorre à música das irmãs Clark, seja Name It, Claim It ou Endow Me. "Quando elas cantam, eu não preciso pensar em nada triste. A harmonia me leva a um espaço de emoção", contou. "E eu posso fazer rap, mas as irmãs Clark ainda estão no meu coração. Sempre há uma referência ao Senhor em algum lugar na minha música."
As Rainhas do Gospel mostra a trajetória do grupo vocal, formado por Twinkie (Christina Bell), Karen (Kierra Sheard), Dorinda (Sheléa Frazier), Jacky (Angela Birchett) e Denise (Raven Goodwin), desde suas origens em Detroit nos anos 1970, até o sucesso mundial, passando por alguns conflitos, inclusive a saída de Denise em 1986. As irmãs eram controladas com rigor pela mãe, Mattie Moss Clark (Aunjanue Ellis), uma pioneira da música gospel e diretora de coral.
As irmãs Clark são conhecidas pelas acrobacias vocais e por serem tão fortes individualmente quanto em grupo, com uma extensão vocal impressionante, cadências inesperadas e harmonias complexas. O principal desafio, portanto, era achar vozes que pudessem fazer jus ao talento das cantoras. "Elas são tão amadas, todos estariam prestando atenção. A qualidade da voz era fundamental para a escolha das atrizes", disse Queen Latifah. Uma delas foi encontrada na própria família Clark: Kierra Sheard interpreta sua própria mãe. "Eu conhecia uma parte da história, mas aprendi muita coisa. E foi tão difícil tentar cantar como ela, fiquei até tonta tentando alcançar suas notas."
<b>Perfect Harmony</b>
Na segunda, 14, às 21h25, o canal FOX Premium 1 também tem uma estreia que envolve canto e igreja. Mas Perfect Harmony não poderia ser mais diferente de As Rainhas do Gospel. Primeiro, é uma série. Segundo, o tom é cômico e não dramático. Arthur Cochran (Bradley Whitford, de The West Wing) é um professor na prestigiada Universidade Princeton que perde a mulher e se vê numa pequena cidade do Estado do Kentucky. Lá, torna-se o diretor do coral de uma igreja. Mas ele é tipo o Dr. House dos diretores de coral, rude e arrogante, e entra em conflito com os membros do grupo, como Ginny (Anna Camp) e Dwayne (Geno Segers).
Lesley Wake Webster, a criadora da série, que foi cancelada após apenas uma temporada, inspirou-se um pouco na sua história: nascida e criada no Kentucky, seu avô era diretor de coral numa escola de prestígio que se mudou depois de ficar viúvo para uma pequena cidade. Era considerado esnobe e um outsider. "O que o trouxe de volta à vida foi ser diretor desse pequeno coral", lembrou ela. "Ele estava cercado de pessoas com crenças e origens diversas, mas, juntos, faziam algo belo."
Para Bradley Whitford, os episódios oferecem algo que é muito necessário hoje. "Os roteiros são pessoais, específicos, genuínos e sobre algo que é muito útil agora: como a música pode juntar pessoas muito diferentes de uma maneira muito bonita", afirmou o ator.