A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem hoje R$ 7,5 milhões de contas em atraso. O montante é reflexo do ajuste fiscal do governo federal, que diminuiu o repasse para as instituições de ensino no começo deste ano. Para driblar a crise, a instituição cortou gastos, desde funcionários terceirizados até o envio de cartas.
Esse total de dívidas não inclui ainda as contas em atraso do Hospital São Paulo, unidade sob responsabilidade da Unifesp, que tem operado com déficit mensal de R$ 2,5 milhões, como o Estado mostrou em abril.
Segundo a reitoria, alguns pagamentos têm sido priorizados como forma de reduzir o prejuízo às atividades acadêmicas. A Unifesp também já cortou cerca de 30% dos contratos de terceirizados nas áreas de limpeza e segurança.
Há contas vencidas, como de luz e água, mas o esforço tem sido para pagar o suficiente para evitar cortes de abastecimento. “Nós viramos o ano com um déficit nas contas, em torno de R$ 11 milhões”, disse Soraya Smailli, reitora da instituição. “Depois ainda não recebemos o orçamento que esperávamos.” Segundo ela, porém, não há mais débitos referentes a 2014.
Como medida de ajuste nas contas, nos dois primeiros meses do ano o governo federal repassou às universidades apenas 1/18 avos do orçamento de custeio do ano passado. O habitual, até o orçamento ter aprovação no Congresso e sanção da Presidência, é encaminhar 1/12 avos da cota reservada no ano anterior. Nos meses seguintes, após pressão dos reitores, o governo voltou a liberar 1/12 avos.
De acordo com o diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp em São José dos Campos, Luiz Leduíno Neto, a situação ameaça o ano letivo. “Se continuarem esses cortes nos próximos meses, talvez tenhamos de interromper as aulas”, afirmou Leduíno.
Para equilibrar as finanças, segundo ele, são adotadas até medidas pontuais, como restrição ao envio de cartas ou impressões. O instituto, aberto em 2014, é o mais novo da universidade. A reitoria negou que haja planos de interromper qualquer atividade de ensino, pesquisa ou extensão. “Estamos funcionando no limite”, disse Soraya.
“Alguns professores tiram dinheiro do próprio bolso para custear pesquisa ou material de aula”, diz Leduíno. A reitoria afirma que não houve orientação para reduzir a compra de material didático.
Indefinição
O Ministério da Educação informou, em nota, que direcionou R$ 2,4 bilhões às federais entre janeiro e abril. “O orçamento para as instituições saltou de R$ 8,6 bilhões, no ano passado, para R$ 9,5 bilhões neste ano”, acrescentou, em nota. A pasta também ressaltou que as universidades têm autonomia para gerir verbas.
Para determinar quais serão os cortes nos recursos das federais em 2015, o ministério espera o decreto presidencial sobre o ajuste fiscal, previsto para a próxima semana.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.