O Brasil registrou este ano 91.387 casos prováveis de zika. A doença, que desde fevereiro passou a ser de notificação compulsória, já está espalhada em todos os Estados do País. O número de casos, no entanto, deve ser maior do que o apontado nas estatísticas, reconhece o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch.
Ele observa que, para cada caso notificado, há uma média de outros quatro que passam sem ser registrados. “É uma doença em que boa parte dos pacientes não apresenta sintomas. Além disso, há aqueles que têm os sintomas e não procuram a assistência médica”, afirmou.
Do total de casos, 7.584 ocorreram entre gestantes. “Esse é um dado importante, que nos deixa preocupados”, completa. Ele observa que nem todas as mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez terão bebês com microcefalia ou outros problemas no sistema nervoso central. “Sabemos que parte importante das pacientes não passará para bebês o vírus. Mas, mesmo assim, não é possível transmitir total tranquilidade. Também não é conveniente transmitir alarde”, completou.
Não há ainda um estudo que identifique o real risco de um bebê apresentar microcefalia em virtude da transmissão vertical do zika. Há indícios de que o risco maior ocorra quando a infecção se dá no primeiro trimestre da gestação. “Mas estudos precisam ser concluídos para verificarmos a real taxa de risco”, observou.
Maierovitch considerou preocupante a pulverização da epidemia de zika. “O alastramento geográfico é importante, algo que nos preocupa.” Embora o quadro atual traga dados considerados que não permitam traçar um cenário muito tranquilizante, o diretor afirma estar otimista. Para ele, há indícios de que a epidemia de zika, nas próximas semanas, possa ingressar numa curva descendente. Algo que ele atribui em parte às medidas de controle do vetor.
“É prudente aguardar mais um pouco para afirmar de forma mais enfática. Mas acredito num declínio da curva, algo que começará a ser sentido a partir dos boletins do mês de abril”, disse.
Ele faz avaliação semelhante para dengue. Embora o número de casos tenha aumentado 62% no período entre 5 de março e 2 de abril, Maierovitch avalia que o ritmo do crescimento da doença caiu de forma expressiva nas duas últimas semanas, quando comparado com o mesmo período do ano passado, quando houve recorde de casos da doença. “Há uma grande chance de a curva cair de forma expressiva e que não tenhamos este ano um recorde histórico como o que ocorreu ano passado.”