Figura emblemática da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef foi ouvido mais uma vez pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, na quarta-feira, 4, em ação penal que investiga o uso de laranjas para manutenção de contas secretas na Suíça e em Hong Kong de sua lavanderia de dinheiro usada por empresas do cartel que fatiava obras na Petrobrás.
O doleiro citou movimentação de valores de caixa 2 das empreiteiras OAS e UTC.
“O primeiro propósito (das contas no exterior) na questão de investimentos. Depois num segundo propósito, quando nosso grupo entrou em declínio por conta do mercado, aí passei a utilizar essas contas para fazer alguns negócios”, afirmou Youssef, delator e já condenado em outros processos da Operação Lava Jato.
“Negócios esses de intermediação de pagamentos?”, questionou Moro. “Sim”, respondeu o doleiro. “Intermediação de propinas, o senhor está dizendo?”, insistiu o juiz.
“Na verdade, como eu tinha a questão do caixa 2 da OAS e do caixa 2 da UTC, eu acabei utilizando dessa empresa para receber alguns valores e transformá-los em reais e fazer alguns pagamentos aqui. E também alguns pagamentos no exterior”, afirmou Youssef.
Entrega
O doleiro explicou em seu depoimento que a OAS e a UTC pagavam valores para essas empresas com contas no exterior e ele ficava responsável por dispor de dinheiro para a entrega.
Youssef citou entregas de valores a agentes públicos e explicou o papel de seus funcionários e parceiros, como João Procópio Junqueira Pacheco, também réu no mesmo processo.
De família tradicional paulista, João Procópio teria começado a atuar com o doleiro entre 2008 e 2009. Ele teria passado a cuidar de contas no exterior usada por Youssef. O doleiro disse que as contas eram abertas em nome do parceiro, mas controladas e movimentadas por ele. Também foi ouvido Rafael Ângulo Lopez, que era uma espécie de carregador de dinheiro do doleiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.