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Cunha sofreu derrota em votação da reforma política, diz Nicolau

Participante de vários debates sobre a reforma política, inclusive na Comissão da Câmara que discutiu o tema, o cientista político e professor da UFRJ Jairo Nicolau classificou rejeição do “distritão” e do financiamento privado de campanha como uma derrota dupla de Eduardo Cunha. Na avaliação de Nicolau, Cunha foi derrotado “na forma e na substância” já que, além de ser um defensor do modelo distritão e do financiamento privado, o presidente da Câmara contrariou um discurso de fortalecimento do parlamento a “atropelou” comissão que já discutia o tema.

Especialista em reforma política, Jairo Nicolau ressalta que ainda há temas importantes a serem decididos pelo plenário da Câmara, como a proposta de fim da reeleição ou o voto facultativo. Mas, depois do revés dos peemedebistas nas votações dessa semana, acha difícil que alguma emenda à Constituição seja aprovada nas próximas votações. Para a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição são necessários os votos de 3/5 dos parlamentares. “Essa comissão optou por PEC em vez de legislação ordinária. Aumentou o sarrafo, ficou mais difícil”, disse, lembrando que é possível fazer alterações no sistema sem alterar a Constituição.

Nicolau viu “uma derrota maior do que a esperada” na votação do distritão. Foram 267 votos contra, 210 a favor e cinco abstenções. Apesar dos números surpreendentes, o professor de ciência política diz que a votação não é uma boa medida da força de Cunha nos próximos embates com o Planalto, uma vez que na discussão da reforma política as forças não se dividiam entre governo e oposição.

“O corte não foi governo x oposição. Na questão de enfrentamento do Planalto ele ainda não foi derrotado. Não é um tema tão bom para avaliar, mas sem dúvidas ele encolheu”, avaliou.

A pressa de Cunha para votar temas polêmicos foi, na visão do cientista político, o maior erro de estratégia do presidente da Câmara. Ao ignorar o relatório da comissão que discutia a reforma política, Nicolau acha que os defensores do distritão “superestimaram a capacidade de se criar um rolo compressor” na votação em plenário.

Como consolação pela não aprovação de um novo modelo eleitoral, Jairo Nicolau, confesso crítico do distritão, prefere ressaltar as qualidades do atual sistema de votação proporcional para as eleições parlamentares. “Ficamos agora com o nosso bom e velho sistema proporcional, com todos os seus defeitos, mas também com virtudes”.

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