Passada a semana marcada pela denúncia que coloca o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na condição de réu da Operação Lava Jato, pela revelação de trechos de uma delação premiada em negociação pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) e pela ação policial da força-tarefa que mira no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição vai concentrar esforços para retomar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Além de obstruir votações no plenário até que seja instalada a comissão que vai analisar o processo, um grupo de deputados pediu audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para falar sobre o assunto. Os parlamentares esperam que o Supremo publique o acórdão do julgamento do rito do impeachment o quanto antes, para que a comissão possa ser instalada.
A expectativa é de que isso aconteça já amanhã, mas a Corte ainda terá de julgar os recursos apresentados por Cunha. Mesmo à mercê do ritmo que será adotado pelos ministros do STF, a avaliação de líderes de partidos como o PSDB e o DEM é de que a oposição não pode desperdiçar este momento de fragilidade do governo e precisa agir unida para levar a discussão sobre o afastamento de Dilma ao plenário.
A delação premiada de Delcídio, ex-líder do governo no Senado, que deve ser homologada nos próximos dias pelo Supremo, é considerada o ponto central para dar impulso ao processo de afastamento da petista.
Aditamento
A oposição vai pedir que as informações que já circularam, especialmente a de que a presidente teria atuado para interferir em processos judiciais da Operação Lava Jato, sejam incorporadas tanto ao processo de impeachment na Câmara quanto à ação que pede a cassação do mandato de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os parlamentares da oposição também apostam na manifestação contra o governo, marcada para domingo, como catalisador do processo. “A oposição está toda mobilizada. Não há dúvida que tanto o processo do impeachment quanto a ação do TSE ganharam força”, disse o deputado Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara.
Apesar de a oposição considerar que ação policial em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desgastou o governo, a avaliação é de que Lula conseguiu emplacar o discurso de vítima após o mandado de condução coercitiva que o obrigou a prestar depoimento.
“A estratégia é colocar o processo do impeachment para rodar logo. O Lula é um problema da polícia”, disse o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
O líder descartou a votação de qualquer matéria que ajude a economia nos próximos dias, mesmo com os pedidos do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em meio à crise econômica. “Sem chance de votar qualquer medida econômica agora”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.