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Vacina de DNA contra zika mostra eficiência em macacos

Uma nova candidata a vacina de DNA contra o vírus da zika, desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, mostrou alto nível de eficiência em testes com macacos.

Aplicada em duas doses, a vacina deu proteção total a 17 primatas em um grupo de 18 animais. A vacina se baseia em um DNA que codifica duas proteínas exclusiva do vírus da zika, fazendo com que o organismo desenvolva uma resposta imune contra a infecção.

Os testes, realizados por cientistas da NIH, com participação da brasileira Leda Castilho, da Coppe-UFRJ, tiveram seus resultados publicados nesta quinta-feira, 22, na revista Science.

De acordo com os autores do artigo, os resultados dos ensaios serão utilizados nos testes clínicos com humanos, já em andamento, para ajudar a estabelecer os níveis mínimos de anticorpos no sangue para que uma proteção completa seja possível.

Uma vacina preventiva é vista pelos cientistas como a melhor alternativa para reduzir o alastramento do vírus pelo mundo e evitar suas graves consequências para gestantes. Uma das possibilidades é o desenvolvimento de vacinas de DNA, que codifica proteínas específicas do vírus.

Quando as células do paciente absorvem esse DNA, elas o utilizam para sintetizar as proteínas virais, levando o organismo a reconhecê-las e desencadeando uma resposta do sistema imune contra a infecção.

Segundo Leda, a nova vacina utiliza como vetor um anel de DNA chamado plasmídeo, que contém dois genes que codificam uma proteína da membrana e outra do envelope do vírus. A pesquisadora está desde março em Bethesda, nos Estados Unidos, atuando como pesquisadora visitante do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do NIH.

“Quando esse vetor de DNA é injetado no macaco, o organismo dele passa a produzir as proteínas, formando estruturas tridimensionais que chamamos de partículas sub-virais – que é, digamos assim, só a casca do vírus, sem seu código genético. O organismo então passa a reconhecer essas partículas e a produzir anticorpos”, disse Leda à reportagem.

O teste teve o objetivo, de acordo com Leda, de avaliar se a vacina de DNA do NIH realmente induz à produção de anticorpos e se eles são neutralizantes o bastante. O próximo passo é estabelecer o limiar de anticorpos necessários para a proteção. Mas a pesquisadora afirma que a vacina já está sendo avaliada clinicamente.

“Os testes de fase 1, que têm objetivo de avaliar a segurança da vacina em humanos, já foram iniciados e os primeiros voluntários receberam a vacina no início de agosto. Até agora, 55 indivíduos já foram vacinados e chegaremos a 80. Esperamos ter os resultados dessa fase de testes nos próximos quatro meses”, disse Leda.

De acordo com Leda, o experimento foi realizado com 30 macacos rhesus, divididos em cinco grupos de seis primatas, que receberam diferentes variantes da vacina. Três dos grupos receberam duas doses e um deles recebeu apenas uma dose. Outros animais receberam uma vacina inativa, como controle.

“Dos 18 macacos que receberam duas doses, 17 ficaram completamente protegidos. Os seis animais que receberam apenas uma dose não ficaram protegidos. Mas suas cargas virais foram reduzidas em comparação com animais do grupo de controle”, afirmou Leda.

O fato de animais que receberam baixas dosagens apresentarem carga viral menor é importante, segundo Leda, porque mostra que um número reduzido de anticorpos não leva a uma infecção ainda mais severa, como é observado em alguns casos de infecção por dengue.

“O número de animais no nosso experimento é pequeno para que possamos afirmar com certeza que a infecção não se fortalece quando os anticorpos estão presentes em baixa concentração. Mas é um indício importante”, declarou.

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