O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, comemorou o acordo de livre-comércio firmado nesta quinta-feira, 24, com a União Europeia (UE) após meses de impasse. "Não estamos mais presos às regras da UE. Isso significa que teremos total independência política e econômica a partir de 1º de janeiro", afirmou o premiê, em coletiva de imprensa após o anúncio do entendimento. "Agora, seremos aliados de primeira hora dos europeus, econômica e politicamente".
A formalização do acordo vem a apenas sete dias do fim do período de transição do Brexit. Caso não houvesse consenso antes disso, as relações comerciais entre Reino Unido e UE passariam a ser regidas, em 2021, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), sob termos que, segundo especialistas, prejudicariam as economias das duas partes, já golpeadas pela crise do novo coronavírus. O texto acordado hoje, contudo, ainda precisa ser avalizado pelos parlamentos europeu e britânico.
Johnson lembrou que foi a própria população britânica que escolheu, em plebiscito ocorrido em 2016, pela saída do bloco europeu e ressaltou que foi ele quem resistiu à pressão, ao longo deste ano, para estender o período de transição. "Estou muito satisfeito com o acordo alcançado, que protege empregos. Traz-nos independência e liberdade. Bens do Reino Unido poderão ser vendidos sem tarifas à UE", comemorou Boris Johnson, que chamou o acordo de "muito parecido" com a relação comercial estabelecida entre britânicos e canadenses. "Pela primeira vez desde 1973, seremos um estado costeiro com controle sobre nossas águas. Agora, podemos decidir como estimular nossa economia", acrescentou.
O controle sobre as águas costeiras era um ponto nevrálgico do impasse até então arrastado entre europeus e britânicos. Na coletiva, Johnson ainda anunciou a criação de um programa de 100 milhões de libras esterlinas para a indústria da pesca e agradeceu à Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, pelas negociações. A presidente do órgão europeu, Ursula Von der Leyen, também fez coletiva de imprensa nesta tarde e chamou o acordo alcançado de "justo, correto e equilibrado".
<b>Covid-19</b>
Em meio à segunda onda da pandemia de covid-19, Johnson aproveitou seu pronunciamento para pedir à população britânica que fique em casa durante as festas de fim de ano. Ele lamentou o aperto nas restrições sociais imposto nesta semana. "Lamento, mas é necessário". O país confirmou nesta semana infecções por nova cepa do novo coronavírus 70% mais transmissível.