A holandesa Robeco, uma das maiores gestoras de investimentos da Europa, está questionando a criação do cargo de suplente no conselho de administração da Petrobrás. A proposta da estatal será votada na assembleia geral extraordinária (AGE) convocada para o próximo dia 1º de julho. Detentora de ¤ 223 bilhões em ativos, a Robeco teme que decisões de peso acabem ficando nas mãos dos suplentes.
A Petrobrás quer que cada um dos dez conselheiros passe a ter um suplente, que poderia participar, como convidado, de todas as reuniões do conselho. A gestora aponta que a bola dividida nas votações pode dar margem a dúvidas em casos de responsabilização dos conselheiros. “É um passo atrás. Isso não melhora a governança da companhia, apenas adiciona complexidade e tira responsabilidade dos conselheiros titulares”, critica a administradora da carteira de investimentos da Robeco no Brasil, Daniela da Costa-Bulthuis.
A manifestação foi encaminhada esta semana em carta ao novo presidente do conselho da Petrobrás, Murilo Ferreira, também presidente da Vale. Além dele, receberam o documento os representantes dos minoritários no colegiado Guilherme Affonso Ferreira e Walter Mendes de Oliveira Filho, além do diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro. Por diversas vezes o grupo entrou em contato com o antigo conselho da empresa, presidido pelo então ministro da Fazenda Guido Mantega, mas ficou sem resposta.
A Robeco tem atuado ativamente como acionista minoritária da Petrobrás. Em dezembro liderou um movimento de fundos estrangeiros, detentores de trilhões de euros sob gestão, pedindo mudanças nos processos de tomada de decisão e gestão da companhia brasileira. A estratégia é pressionar pela criação de mecanismos capazes de blindar a empresa da ocorrência de episódios semelhantes à Operação Lava Jato. Ao lado de outros acionistas brasileiros, o mesmo grupo de investidores estrangeiros deu respaldo à candidatura de Guilherme Ferreira e Mendes ao conselho.
Em um primeiro contato com a nova diretoria da estatal, a Robeco reforçou sua preocupação com o estabelecimento de uma política tarifária clara e independente. Para Daniela isso é condição fundamental para a busca de parceiros em refino e para que a Petrobrás obtenha melhores condições de financiamento no mercado. A impressão da gestora é que a nova diretoria executiva está consciente disso. Do lado da governança, algumas medidas já divulgadas pelo novo comando são vistas com bons olhos. Entre elas está a inclusão no estatuto social de cinco comitês de assessoramento do conselho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.