Economia

Etanol, tomate e passagem aérea ajudaram na desaceleração do IPC, avalia Fipe

A desaceleração da inflação na capital paulista em junho, para 0,47%, depois da alta de 0,62% em maio, contou com a ajuda do comportamento dos preços do tomate, que cederam 26,02%, da passagem aérea, com queda de 5,77%, do etanol, com variação negativa de 2,28%, e da laranja, com recuo de 7,01%, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os itens figuraram na lista das maiores contribuições negativas no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do sexto mês do ano. “Os in natura fecharam em queda (2,11%) e vários itens ajudaram. Dentre eles, o tomate, cuja variação negativa praticamente neutraliza a alta da cebola”, explicou o coordenador do IPC, André Chagas, que esperava IPC em 0,49% no mês passado.

O grupo Transportes, do qual o item etanol faz parte, mostrou inflação de 0,04% no IPC do mês passado, depois de 0,30% em maio. Além da influência do álcool combustível, a deflação de 1,78% em seguro de veículos também impediu uma aceleração do grupo, conforme o coordenador do IPC. “Pode ser um indicativo de que o setor não esteja conseguindo fazer repasses, a fim de não comprometer as vendas neste momento de fraqueza da economia”, disse.

Por outro lado, afirmou, Chagas, as altas verificadas no leite longa vida (5,13%), loterias (26,59%) e cebola (27,51%) limitaram um arrefecimento maior do IPC entre maio e junho. Segundo ele, o aumento verificado no leite contribuiu com 0,05 ponto no resultado final da inflação de junho, assim como a alta apurada em jogos lotéricos. “Por causa do aumento em loterias, o grupo Despesas Pessoais passou de 0,27% em maio para 0,83%. Ainda deve ter impactos, mas serão marginais”, estimou.

Em relação ao conjunto de preços de alimentos, que passou de 0,88% para 0,58%, o economista disse que a desaceleração é uma “boa notícia”, pois, além da deflação dos in natura (de 2,11%), a aceleração dos industrializados, vista na terceira leitura de junho (para 1,34%), não se confirmou no fim do mês (1,26%). “Ainda é um nível elevado, mas todos os produtos desse subgrupo passaram a desacelerar, o que pode significar que a indústria está dosando os repasses de custos com energia, água e câmbio para os preços”, avaliou.

Já os alimentos semielaborados atingiram 0,89% no mês passado, depois de 1,15% em maio, com destaque para a alta menos intensa de carnes bovinas, para 0,45%, ante 3,46%. “Mas, o que sustenta, mesmo, o resultado de semielaborados, é a taxa de 4,94% apurada em leites”, disse

Habitação

Apesar de ter mostrado um número inferior em junho, de 0,61%, em relação a 0,74% no quinto mês do ano, o grupo Habitação também ajudou a sustentar a alta do IPC, disse Chagas. “Praticamente, o resultado do índice de junho ficou concentrado em Habitação, Alimentação e Despesas Pessoais”, afirmou.

Segundo o economista, a desaceleração do grupo Habitação foi influenciada por gastos menores com serviços (reparos) no domicílio, cuja taxa passou de 1,83% para 1,52% no sexto mês do ano. Já a variação de 1,01% (ante 0,29%) de água e esgoto puxou o grupo para cima, devido aos primeiros efeitos do reajuste de cerca de 15% nas tarifas de água e esgoto pela Sabesp. “O impacto maior deve ocorrer este mês”, previu. Além disso, algumas taxas de produtos de limpeza, como sabão em pó (de 1,97% para 3,70%), pressionaram o grupo Habitação, conforme o economista da Fipe. “Reforça a mesma impressão de alguns alimentos industrializados, de que a indústria está repassando alguns custos (energia, água e dólar) para os preços que poderiam estar defasados”, sugere.

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