O Polo Industrial de Manaus (PIM) duas rodas, onde está concentrada quase toda a produção nacional de motocicletas, já eliminou 1.306 vagas neste ano até maio, divulgou nesta quarta-feira, 8, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). De acordo com a entidade, o polo encerrou maio com 16.622 trabalhadores, número inferior aos 17.928 funcionários que tinha no fim do ano passado.
A maior parte desses cortes se deu pela saída espontânea de trabalhadores, cujas vagas não foram repostas pelos fabricantes, explicou o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian. Segundo ele, nenhuma grande medida de corte de produção, como lay-off (suspensão temporária dos contratos) e licença remunerada, foi adotada até agora por associadas da entidade. Ele lembrou que, em julho, muitas fábricas deram férias coletivas aos trabalhadores, mas ponderou que a medida normalmente é adotada no período.
De acordo com números da Abraciclo, a produtividade dos trabalhadores do PIM duas rodas, que já chegou a 104 unidades produzidas por empregado em 2010 e 2011, encerrou maio em 85 unidades, a mesma de todo o ano passado. “Isso mostra que as indústrias estão tentando manter o papel social de manter os empregos, apesar da crise”, avaliou o presidente da Abraciclo, durante coletiva de imprensa. “Mas está muito difícil manter, a menos que o mercado tenha uma reação mais efetiva no segundo semestre”, ponderou.
Apesar de os números no acumulado do semestre já mostrarem um cenário pior, a Abraciclo manteve suas projeções para produção (-6,8%), vendas no atacado (-4,9%), emplacamentos (-4,5%) e exportações (-20,5%) em 2015 ante 2014, após revisão feita há cerca de dois meses. Fermanian ponderou, contudo, que, se a média de vendas diária de junho, que foi de 4.814 unidades, se repetir nos próximos meses, “provavelmente” os associados terão de revisar planos de produção, o que deverá afetar as projeções.
PPE
O presidente da Abraciclo avaliou que o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), que permite redução de até 30% da jornada de trabalho e dos salários, é bem-vindo ao setor “em linhas gerais”. “Mas, na prática, vai depender muito da leitura do setor se a queda da demanda é passageira. Se for temporária, o programa será benéfico. Se a leitura for de crise profunda, ao adotar o PPE só estaremos protelando uma situação ainda mais crítica para o futuro”, disse.