Candidato à Prefeitura de João Pessoa, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) protocolou nesta quinta-feira, 2, sua renúncia como membro suplente do Conselho de Ética da Câmara. O peemedebista era um dos principais defensores do deputado e presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que terá de enfrentar na próxima semana um pedido de cassação do mandato.
Manoel Júnior, que já se fazia ausente nas últimas reuniões do conselho, não deu maiores explicações no pedido de saída do colegiado. Segundo fontes, o peemedebista estava preocupado com sua campanha eleitoral e incomodado com os efeitos sobre o eleitorado da associação de sua imagem com as defesas de Cunha. O substituto ainda não foi indicado.
Desde que o processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha foi instaurado, há 7 meses, o colegiado passou por 15 mudanças (11 entre titulares e 4 entre suplentes). As alterações de composição são vistas como manobras para tirar do conselho membros que possam votar contra o deputado afastado.
O parecer que pede a cassação de Cunha foi apresentado ontem ao colegiado. Em 86 páginas, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) diz que há provas fartas que atestam que Cunha mentiu à CPI da Petrobras no ano passado ao negar que tivesse contas no exterior. Rogério aponta a prática de condutas graves e ilícitas do peemedebista, incluindo o recebimento de propina do esquema de corrupção na Petrobras.
Os aliados de Cunha pediram vista do parecer e o pedido de cassação será discutido na próxima terça-feira, 7. Como há 17 deputados inscritos para o debate e ainda poderá haver inscrição de líderes e não-membros para falar, há risco de o relatório não ser votado no mesmo dia. Os membros do conselho podem falar por até 10 minutos, os não-membros por 5 minutos e os líderes partidários podem falar por um tempo calculado de acordo com o tamanho da bancada.