O setor siderúrgico brasileiro está vivendo neste momento uma de suas piores crises, disse na abertura do 26º Congresso do Aço neste domingo, 12, o presidente do Conselho diretor do Instituto Aço Brasil (IABr) e presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Mario Baptista.
“Questões conjunturais e estruturais levaram a indústria a essa situação, que ficou mais evidente nesse ano, de grandes dificuldades para o País, com projeção de queda do PIB de cerca de 2% para este ano”, disse.
Baptista destacou que em 2008 o setor siderúrgico mundial também atravessou uma crise, mas naquele momento a China funcionou como uma “âncora de salvação” foi o crescimento da China, que absorveu, segundo ele, grande parte da produção mundial de matérias-primas, por exemplo. “No entanto, rapidamente esse país aumentou sua capacidade de produção industrial e inverteu sua posição de importador líquido para exportador líquido. No Brasil, passamos pelo processo inverso”, disse. Por aqui, lembrou, houve um crescimento das importações diretas e indiretas de aço.
Outro ponto que vem pesando para o setor é o alto excesso de capacidade de aço no mundo, estimada em 719 milhões de toneladas. O executivo lembrou que a situação ainda pode piorar, visto que nos próximos dois anos a previsão é de que haverá um incremento dessa capacidade em 106 milhões de toneladas, sendo que, desse volume, 40 milhões de milhões de toneladas devem vir da China. “Haverá uma pressão do aço chinês no mercado internacional”, disse.
Dólar –
O presidente do conselho diretor do IABr disse que a desvalorização do real não tem ajudado, até aqui, o setor siderúrgico nacional, visto que outros países exportadores de aço também estão vendo suas taxas de câmbio retraindo em relação ao dólar, sendo que em alguns casos essa desvalorização foi ainda maior.
O executivo disse que há um entendimento da necessidade de medidas de ajuste fiscal para reverter o déficit primário e manter o grau de investimento do país, mas que esse processo “não pode o único foco” do governo. ” Sem a indústria não há crescimento, geração de empregos, tampouco renda. Com a queda da competitividade da indústria, a curva exponencial de desmobilização de mão de obra própria e de terceiros vem ampliando o raio de degradação social no Brasil”.