Movimentos contrários à greve dos estudantes e servidores da Universidade de São Paulo (USP) estão se articulando contra a paralisação das atividades acadêmicas. Os grupos USP Livre e Direita Estudantil da USP procuraram as direções dos institutos para tentar evitar “piquetes” nos prédios e estão se organizando para participar como oposição nas assembleias do movimento grevista.
Eles estimam ter o apoio de 400 alunos. “Estamos nos mobilizando contra o que acreditamos ser uma ditadura da minoria, queremos fazer um ato de repúdio porque essas greves são um desperdício de dinheiro público”, disse Marcos Vinicius Lara, de 26 anos, estudante de Física e integrante do USP Livre. Eles também disseram não apoiar a pauta de reivindicação dos grevistas, que pede a implementação de cotas e política de permanência estudantil.
Segundo Lara, os estudantes contrários à paralisação são de vários cursos, mas a maioria é dos institutos de Física (IF) e Matemática e Estatística (IME). Eles disseram estar em contato com a direção das unidades para que tomem providências que garantam as aulas.
Severino Toscano Melo, vice-diretor do IME, afirmou que na noite de segunda-feira, 6, ao fim das aulas, as salas foram trancadas com chave para evitar que carteiras e cadeiras fossem usadas para fazer piquete. Ainda assim, na madrugada de ontem, os alunos montaram uma barricada que, segundo Melo, impediu as aulas de sete cursos de graduação. “O diretor foi à delegacia mais próxima registrar boletim de ocorrência e agora está fazendo as gestões necessárias junto à Procuradoria-Geral da USP para requerer uma ordem judicial de desobstrução do prédio”, disse Melo.
O diretor da Física foi procurado pelo Estado, mas não respondeu aos questionamentos.
Já a Direita Estudantil da USP é formada principalmente por alunos do curso de Ciências Moleculares, que tem processo de seleção próprio e é considerado de elite por selecionar alunos já matriculados na instituição. “Somos contra o método de reivindicação dos grevistas. Eles dizem defender a Educação e a Saúde, mas prejudicam o que teoricamente defendem”, disse Kelvin Santos, de 20 anos, aluno de Ciências Moleculares.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) disseram desconhecer a existência dos grupos. “Não estava sabendo dessa oposição, mas já era de se esperar. Normalmente, os grupos contrários são de cursos que recebem investimentos privados e não têm noção do contexto do restante da universidade”, disse Magno de Carvalho, do Sintusp.
Uriel Piffer, do DCE, disse que são “equivocadas” as acusações de que a mobilização grevista é autoritária. “Muita gente está disposta a se mobilizar por melhorias na universidade. Esses grupos contrários só debatem a greve, mas não os problemas, e mostram incompreensão da política e história da USP.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.