Um protesto de estudantes contra a reorganização da rede estadual terminou em confusão com a Polícia Militar no início da noite desta quarta-feira, 2. Mais de 100 estudantes ocupavam três pistas na esquina da Rua Teodoro Sampaio com a Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, zona oeste, quando, por volta das 18h50, a Polícia Militar jogou bomba de efeito moral e dispersou os manifestantes.
Os estudantes recuaram pela Teodoro Sampaio tentando fazer barreiras com sacos de lixo. Uma pessoa, que estava sentada no meio da rua, foi detida. Policiais chegaram a empurrar jornalistas e estudantes que acompanharam o homem na viatura. Assustados, comerciantes fecharam portas de lojas na Rua Teodoro Sampaio.
Três policiais militares entraram em um ônibus para intimidar um passageiro que criticou a ação da polícia no protesto desta quarta. Os outros passageiros do coletivo ficaram assustados.
O grupo saiu da Escola Fernão Dias Paes, no mesmo bairro, ocupada por alunos desde 10 de novembro. Os manifestantes colocaram carteiras na faixa de pedestres por volta das 17 horas e impediam a passagem de motoristas que tentavam avançar o bloqueio.
Alguns chegaram a bater boca com os estudantes, que deram passagem apenas em alguns momentos, principalmente para quem ia para o Hospital das Clínicas. Para passar, os manifestantes insistiam para que os motoristas descessem e empurrassem os veículos. O ato prejudicou torcedores que seguiam para o Allianz Parque, para assistir à final da Copa do Brasil entre Palmeiras e Santos.
“Isso aqui vai virar o Chile”, gritavam os estudantes, em referência a série de movimentos de estudantes que ocorreram recentemente naquele país. “Se o povo se unir, o Geraldo (Alckmin) vai cair” era outro grito de guerra.
Ao menos sete viaturas da Polícia Militar estavam no local. Um dos agentes deu dez minutos para que os bloqueios fossem desfeitos, mas os alunos se recusaram a sair.
“Depois de ocupar escolas, os alunos de escola pública vão fechar as ruas. É simbólico fazer isso em uma área da burguesia, com quem o governo se preocupa”, diz Caue, de 16 anos, aluno da Fernão Dias.
O estudante de Economia, Ricardo Brandão, de 21 anos, teve seu carro impedido de passar e discutiu com os manifestantes. “Sou a favor de protesto, mas não aqui. Tem que ser na porta dos governantes”, reclama ele, com ingresso comprado para o jogo da Copa do Brasil. “Aí tem um pessoal que ainda não sabe muita coisa sobre o País. Se eu fosse adolescente, também estaria protestando”.